sábado, 15 de agosto de 2009

O DOM PROFÉTICO NA IGREJA REMANESCENTE

Apocalipse 12 menciona dois períodos de acentuada perseguição. Durante o primeiro, que se estendeu de 538 a 1798 d.C. (Apocalipse 12:6 e 14), os crentes leais sofreram intensa perseguição. Uma vez mais, justamente antes do Segundo Advento, Satanás atacará o "restante da semente da mulher", a igreja remanescente que se recusa a abdicar da obediência que presta a Cristo. O Apocalipse caracteriza os crentes leais que constituirão o remanescente como aqueles "que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus" (Apocalipse 12:17).Que a frase "testemunho de Jesus" se refere ao dom profético, é algo que se estabelece claramente na conversa posterior do anjo com João.
Próximo ao final do livro, o anjo identifica a si mesmo como "conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus" (Apocalipse 19:10) e como "conservo teu e dos teus irmãos, os profetas" (Apocalipse 22:9). Essas expressões paralelas deixam claro que são os profetas que possuem o "testemunho de Jesus". Isso explica a declaração do anjo, de que o "testemunho de Jesus é o espírito da Profecia" (Apocalipse 19:10).
Comentando esse texto, Tiago Moffat escreveu: "'Pois o testemunho de (isto é, sustentado por) Jesus é (ou seja, constitui) o espírito da Profecia.' Isso define especialmente os irmãos que mantêm o testemunho de Jesus na qualidade de possuidores da inspiração profética. O testemunho de Jesus equivale em termos práticos à testificação de Jesus (Apocalipse 22:20). Trata-se da auto-revelação de Jesus (que, de acordo com Apocalipse 1:1, deve-se em última análise a Deus) que moveu os profetas cristãos."
Portanto, a expressão espírito da Profecia pode referir-se:
(1) ao espírito Santo que inspirou os profetas com a revelação procedente de Deus;
(2) à operação do dom de profecia e
(3) ao instrumento da profecia.
O dom profético – o testemunho de Jesus "concedido à Igreja por meio da profecia" - corresponde a uma característica distintiva da Igreja Remanescente. Jeremias vinculou a negação desse dom à incredulidade.
"... onde já não vigora a lei, nem recebem visão alguma do Senhor os Seus profetas." (Lamentações 2:9).
O livro do Apocalipse identifica a posse das duas característica da Igreja verdadeira dos últimos dias: ela guarda os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus - o dom profético (Apocalipse 12:17; 14:12).
Deus concedeu à igreja do Êxodo o dom profético a fim de organizar, instruir e guiar Seu povo (Actos 7:38). "Mas o Senhor por meio dum profeta fez subir a Israel do Egipto, e por um profeta foi ele guardado." (Oséias 12:13). Não deve constituir surpresa, portanto, o fato de encontrarmos um profeta no meio do povo que se acha envolvido com o último êxodo - o escape do planeta Terra, poluído pelo pecado, em direcção à Canaã celestial.
Este êxodo, que ocorre em seguida ao Segundo Advento, representa o cumprimento último e completo de Isaías 11:11: "Naquele dia o Senhor tornará a estender a mão para resgatar o restante do Seu povo, que for deixado..."
Auxílio na crise final
As Escrituras declaram que o povo de Deus experimentará nos últimos dias da história terrestre a plenitude da ira do satânico poder do dragão, quando este se envolver numa tentativa final para destruí-los (Apocalipse 12:17). Será esse um "tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo..." (Daniel 12:1). A fim de ajudá-los na sobrevivência em meio aos mais intenso conflito de todas as eras, Deus em Sua amorável bondade, assegurara a Seu povo que não o deixará sozinho. O testemunho de Jesus, o espírito da Profecia, os guiará em segurança rumo ao objectivo final - a união com o Salvador por ocasião do Segundo Advento.
A ilustração que segue, mostra o relacionamento entre a Bíblia e as manifestações pós-bíblicas do dom profético:
"Suponha que estamos a ponto de iniciar uma viagem. O proprietário do barco nos coloca em mãos o manual de instruções, dizendo-nos que o mesmo contém instruções suficientes para toda a viagem, e que, se atendermos aquilo que está escrito no manual, certamente alcançaremos em segurança o porto de nosso destino. Iniciando a viagem, abrimos o manual a fim de aprender o que nele está escrito”.
Constatamos que o autor registou ali princípios de aplicação geral para a nossa orientação, e nos instrui tanto quanto possível analisando as várias contingências que se poderão apresentar até o fim; mas ele também nos adverte de que a última porção da viagem será particularmente perigosa; que o traçado da costa está sempre se modificando em virtude de bancos de areia e tempestades. Para esta porção final da viagem - prossegue o autor - 'Providenciei um piloto, o qual virá ao seu encontro e o orientará completamente no tocante às circunstâncias e perigos dessa porção final da viagem. Atenda suas orientações.'
Com base nas orientações que estão em nosso poder, conseguimos chegar à porção final da viagem e o piloto, de acordo com a promessa, aparece. Mas alguns membros da tripulação erguem-se contra ele no momento em que ele oferece seus préstimos. 'Possuímos o manual original - dizem eles - e isso é o suficiente para nós. Orientar-nos-emos de acordo com ele, e só de acordo com ele. Nada queremos saber de si.'
A partir desse momento, quem está realmente a seguir o manual original de instruções? Aqueles que rejeitam o piloto, ou aqueles que aceitaram, seguir a orientação do manual?
Os Profetas Pós-bíblicos e a Bíblia
Foi o dom profético que produziu a própria Bíblia. No período pós-bíblico, ele não deve superar as Escrituras ou acrescentar algo a elas, uma vez que o cânon sagrado já está completo. O dom profético actuará no tempo do fim assim como actuou nos dias dos apóstolos. Seu objectivo é destacar a Bíblia como base de fé e prática, explicar seus ensinamentos e aplicar seus princípios ao viver diário. Ele se acha envolvido no estabelecimento e na edificação da Igreja, habilitando-a a desempenhar sua missão divinamente apontada. O dom profético reprova, adverte, orienta e encoraja a pessoas como a Igreja, protegendo-os das heresias e unificando-os nas verdades bíblicas.
Os profetas pós-bíblicos actuaram de modo semelhante a Natã, Gade, Asafe, Semaías, Azarias, Eliézer, Aías, Obede, Miriã, Débora, Hulda, Simeão, João Batista, Ágabo, Silas, Ana e as quatro filhas de Felipe, os quais viveram em tempos bíblicos, mas não tiveram os seus testemunhos registados como parte do compêndio bíblico. O mesmo Deus que falou através dos profetas que escreveram a Bíblia, inspirou estes profetas e profetisas. As suas mensagens não entraram em contradição com a revelação divina previamente registada.

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