domingo, 11 de outubro de 2009

APOCALIPSE: A IGREJA E O PODER TEMPORAL

1- Que estava em operação na igreja no tempo do Apóstolo Paulo?
(II Tessalonicenses 2:7) – Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado.
2- Que espécie de homens, disse ele, se levantariam na igreja?
(Actos 20:29,30) - Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho. E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si.
3- Porque experiência passaria a Igreja, e o que nela surgiria antes da segunda vinda de Cristo?
(II Tessalonicenses 2:3) – Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição.
4- Em que se viu a primeira prova tangível dessa “apostasia” da verdade divina?
* Na adopção de ritos e costumes pagãos na igreja.
“Os bispos aumentaram a quantidade de ritos religiosos no culto cristão, … tanto dos judeus como dos pagãos, a fim de facilitar-lhes a conversão ao cristianismo. …Para este propósito deram às instituições do evangelho o nome mistério, e sobretudo o santo sacramento ornaram eles com esse título solene. Usaram nessa sagrada instituição, bem como na do baptismo, vários dos termos empregues nos mistérios pagãos, e chegaram, até, a adoptar os mesmos ritos e cerimónias de que consistiam aqueles célebres mistérios.” Ecclesiastical History (Tradução de Maclaine), por Mosheim, cent. 2, cap. IV, pars. 2-5.
5- Em que época já se manifestava essa tendência?
“Esta imitação começou nas províncias orientais; mas, depois da época de Adriano (César Romano 117-138 A.D.) que foi o primeiro introdutor dos mistérios entre os latinos, foi seguida pelos cristãos que habitavam as partes ocidentais do Império.” – Idem, par. 5.
6- Qual tem sido uma grande característica do papado?
* A união da Igreja e do Estado, ou a autoridade religiosa dominando a civil para a consecução dos seus objectivos.
7- Quando se formou a união da Igreja e do Estado, da qual nasceu o papado?
* Durante o reinado de Constantino, 313-337 A. D., foi posta a base, desenvolvendo-se sob os seus sucessores.
8- Qual foi, por aquele tempo, o carácter de muitos dos bispos?
* “Bispos de mentalidade mundana, em vez de cuidarem da salvação do rebanho, eram muitas vezes dados demais a viajarem dum lugar para o outro, e intrometerem-se nos assuntos mundanos.” History of the Christian Religion and Church, de Neander, Vol. II, p. 16.
9- Que decidiram os bispos fazer?
* “Esta teoria teocrática já prevalecia ao tempo de Constantino; e … os bispos voluntariamente se tornaram dele dependentes por meio das suas disputas, e pela determinação de fazerem uso da autoridade do Estado para a consecução dos seus objectivos.” Idem, p. 132.
Nota: A “teoria teocrática” era a de um governo exercido por Deus por meio da Igreja, particularmente mediante os seus bispos.
10- Em que data saiu a famosa lei dominical de Constantino?
* Em 321 A. D.
11- Quando e por quem foi convocado o Concílio de Nicéia?
* Pelo Imperador Constantino, em 325 A. D.
12- Sob a autoridade de quem foram publicados os seus decretos?
“Os decretos…foram publicados sob a autoridade imperial, alcançando assim importância política.” Idem, p. 133.
13- Qual foi um dos objectivos principais na convocação desse concílio?
“A questão referente à observância da Pascoa, suscitada no tempo de Aniceto e Policarpo, e depois no de Vítor, estava ainda sem decisão. Foi esse um dos motivos principais da convocação do Concílio de Nicéia, sendo o assunto de maior importância a ser considerado depois da controvérsia ariana.”
“Parece que as igrejas da Síria e Mesopotâmia continuaram a seguir o costume dos judeus, e a celebrar a Páscoa no décimo quarto dia da Lua, quer caísse ao domingo quer não. Todas as demais igrejas celebravam essa solenidade no domingo somente, a saber: Roma, Itália, África, Lídia, Egipto, Espanha, Gália e Bretanha; e toda a Grécia, Ásia e Ponto.” Historical View of the Council of Nice, por Boyle, p. 23, edição de 1836.
14- Que decisão teve afinal o assunto?
“O dia da Páscoa foi por fim fixado no domingo imediato à Lua cheia mais próxima, após o equinócio vernal.” Idem, p. 24.
15- Que foi decretado pelo Concílio de Laodicéia, em 364 A. D.?
* Que os cristãos deveriam guardar o domingo, e que, se persistissem em repousar ao sábado, “estariam desligados de Cristo.”
16- Que leis imperiais foram estabelecidas em 386 A.D.?
“Por meio duma lei feita no ano 386, aquelas alterações mais antigas feitas por Constantino foram impostas com maior vigor; e, em geral, foram proibidas estritamente no domingo as transacções civis de toda a espécie.” Church History, de Neander, Vol. II, p. 300.
1- Que petição foi feita ao Imperador por uma convenção dos bispos da Igreja em 401 A. D.?
“Que os espectáculos públicos fossem transferidos do domingo da cristão e dos dias santos para qualquer outro dia da semana.” Ibidem.
A lei desejada foi conseguida em 425 A.D.
2- Qual foi o objectivo dos bispos da Igreja, ao pedirem leis dominicais?
“Que o dia fosse dedicado com menos interrupção ao propósito da devoção.” “Que a devoção dos fiéis ficasse isenta de qualquer perturbação.” Church History , de Neander, Vol. II, ps. 297 e 391. 3- Como era perturbada a “devoção” dos “fiéis”?
“Os professores da Igreja…em verdade, eram muitas vezes forçados a queixar-se de que nessas competições, o teatro era muitíssimo mais frequentado do que a Igreja.” Idem, p. 300.
4- Que diz Neander quanto à obtenção dessas leis?
“Desse maneira a Igreja recebeu o auxílio do Estado para atingir os seus fins.” Idem, p. 301.
Nota: Por esse meio, mais do que por outro qualquer, talvez, a Igreja e o Estado estavam unidos. Dessa maneira a Igreja conseguiu o controlo da autoridade civil, que mais tarde usou como meio de exercer as mais fortes e extensas perseguições. Negou assim a Cristo e o poder da piedade.
5- A Igreja ao conseguir o auxílio do Estado nesse ponto, que mais pediu?
Que a autoridade civil fosse exercida para compelir os homens a servirem a Deus conforme a Igreja o ditasse.
6- Que ensinou Agostinho quanto a essa teoria teocrática, de que ele foi o pai?
“Quem duvida que é melhor ser guiado a Deus pela instrução, do que pelo temor do castigo ou da aflição? Mas por causa do primeiro, os que forem guiados somente pela instrução, serão melhores; os outros, porém, não deverão ser negligenciados. …Muitos, como os servos maus, precisam ser muitas vezes reconduzidos ao Mestre pela vara do sofrimento, antes de poderem atingir o estágio mais elevado do desenvolvimento religioso.” Idem, ps. 214, 215.
7- A que conclusão chega Neander no tocante a esta teoria?
“Foi por Agostinho, pois, proposta e fundada uma teoria, que, conquanto moderada na sua aplicação prática, por seu próprio espírito pio e filantrópico, continha, não obstante, o germe de todo aquele sistema de despotismo espiritual, de intolerância e perseguição, que culminou nos tribunais da Inquisição.” “Ele não deu preferência à pergunta: Que é correcto? Em elação à outra: Que é conveniente? Mas a teoria que despreza essas distinções dá margem para qualquer despotismo que faria dos fins santos um pretexto para o uso de meios não santificados.” Idem, ps. 217, 249,250.
Conclusão: Assim foi que se formou a união da Igreja e do Estado, de que resultou “a besta” ou o papado, do Apocalipse, que fez “guerra contra os santos” e os venceu. Um proceder semelhante não pode deixar de produzir resultados idênticos hoje. O Dr. Philip Schaff, na sua obra A Igreja e o Estado, p. 11, diz: “A autoridade secular demonstrou-se ser um dom satânico da Igreja, e a autoridade eclesiástica ficou provado ser uma máquina de tirania nas mãos do Estado.”

Sem comentários:

Enviar um comentário