segunda-feira, 10 de maio de 2010

A ORAÇÃO DO PROFETA DANIEL

"Então Daniel foi para casa, e fez saber o caso a Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros, para que pedissem misericórdia ao Deus do céu sobre este mistério, a fim de que Daniel e seus companheiros não perecessem, juntamente com o resto dos sábios de Babilônia. Então foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite; pelo que Daniel louvou o Deus do céu. Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque são dele a sabedoria e a força. Ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; é ele quem dá a sabedoria aos sábios e o entendimento aos entendidos. Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz. Ó Deus de meus pais, a ti dou graças e louvor porque me deste sabedoria e força; e agora me fizeste saber o que te pedimos; pois nos fizeste saber este assunto do rei. (Daniel 2:17-23).

É confiante neste Deus que o profeta conhece que, agora, a exemplo do passado, irá expor o seu problema ao longo da oração que se encontra registada desde o v. 4 ao v. 19 – e que oração!
Antes de mais, na sua essência, o que é, na verdade, a oração? O Espírito de Profecia dá-nos algumas definições que nos podem ajudar na sua definição e, consequentemente, numa melhor compreensão da mesma. Assim, a oração é: 1- “o abrir o coração a Deus como a um amigo. Não que seja necessário, a fim de tornar conhecido a Deus o que somos; mas sim para nos habilitar a recebê-Lo” ; 2- “é a chave nas mãos da fé para abrir o celeiro do Céu, onde se acham armazenados os ilimitados recursos da Onipotência” ; 3- “é a respiração da alma”

À luz de tais definições, o profeta irá, como sempre foi apanágio da sua pessoa, aplicá-las cada vez que orava. Assim, esta não foi uma súplica comum, mas uma oração sacrificial. O texto revela-nos que, para orar ao Senhor, o profeta jejuou e vestiu-se de saco (vestes rudimentares) e aspergiu-se com cinza – v. 3. Tal como um morto – pó e cinza – é o que, na verdade, o pobre ser humano é perante Deus.
As palavras introdutórias são: “Orei” e “confessei” – v. 4. Que teria ele para confessar? Não foi o seu pecado que fez com que o povo de Deus fosse para cativeiro, pois perante o Céu ele era “mui amado” – Daniel 9.23 – e, os seus inimigos nele não acharam “nenhum vício nem culpa” – Daniel 6.4. Assim, como um autêntico intercessor ele chama a si a transgressão de toda a nação: - “Pecámos e cometemos iniquidade (…) – v. 5; “não demos ouvidos aos teus servos, os profetas (…)” – v. 6; “a ti, ó Senhor pertence a justiça mas a nós a confusão de rosto (…)” – v. 7; “ao Senhor nosso Deus pertence a misericórdia e o perdão, pois nos revelámos contra ele” – v. 9; “e não obedecemos à voz do Senhor, nosso Deus” – v. 10; (…) por causa dos nossos pecados e por causa das iniquidades de nossos pais, tornou-se Jerusalém e o teu povo um opróbrio para todos os que estão em redor de nós” – v. 16; “agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu servo (…) e sobre o teu santuário assolado faz resplandecer o teu rosto” – v. 17
Perante esta situação difícil, reclama as promessas de Deus, ao dizer: - “(…) guardas o concerto e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos” – v. 4; Com estes pensamentos, o profeta implora para que Deus resplandeça o Seu rosto sobre o Seu santuário que, fora destruído há muitos anos atrás, mas que chegara o tempo de ser reconstruído, dizendo: - “ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e opera sem tardar; por amor de ti mesmo, ó Deus meu (…) – v. 19.
Na sua oração, Daniel cita a Bíblia, pois algumas das suas expressões são citações bíblicas, como por exemplo: - “faz resplandecer o teu rosto” – v. 17 - as encontramos em - Salmo 80.3,7,19 e Números 6.25; - “Pecámos e cometemos iniquidade (…) – v. 5 – as encontramos na oração de Salomão na dedicação do templo – I Reis 46-53. Ou ainda, quando se refere às causas do cativeiro, como sendo a desobediência de Israel: - na pessoa do filho do rei Ezequias, Manassés – Jeremias 15.4.
Nesta preciosa oração podemos destacar algumas vertentes, que fazem desta oração algo de excepcional e de admirável, a saber:

1- Ele orou com muita intensidade
2- Ele repousou sobre a justiça de Deus e não sobre a sua própria justiça
3- Ele utilizou a Bíblia
4- Ele confessou os seus próprios pecados e os do grupo ao qual pertencia
5- Ele buscou a glória de Deus e do Seu santuário
6- Ele reclamou o cumprimento das promessas divinas

Quão intenso fervor contém a oração do profeta! De igual modo, este mesmo sentimento deveria avivar o coração de todos os filhos de Deus. Perante tais factos, ousamos perguntar: - e as nossas orações? São mera formalidade, por uma questão de hábito ou plenas de fervor? Acerca do vigor desta notável oração de Daniel, o Espírito de Profecia assim se expressa: - “Que eloquência na simplicidade da sua oração, e que fervor ela expressa! (…). O Céu se curvou para ouvir a fervente súplica do profeta”. Ou ainda: - “Se nós, como povo, orássemos como Daniel e lutássemos como ele lutou, humilhando o nosso coração perante Deus, haveríamos de presenciar tão notáveis respostas às nossas petições quanto as que foram dadas a Daniel”.
As palavras que veicularam a oração ainda que sublimes, só por si mesmas nada podem fazer. É em Deus que está todo o poder e só Ele poderá tomar a decisão. Tudo, na verdade, depende de Deus. É no reconhecimento desta sublime verdade que leva o profeta a expressar no final da sua oração: - “ó Senhor, (…) opera sem tardar (…) – v. 19.

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