sexta-feira, 21 de maio de 2010

TEMPO DE JUÍZO

1- O juízo investigativo, no céu
a)- “Eu continuei olhando, (…) e um ancião de dias se assentou” – v. 9ª. A expressão é mais uma descrição do que um título, pois refere-se a Deus, o Pai. Este entra em cena e o julgamento começa.
b) – “(…) assentaram-se os juízes” – v. 10b. Estas palavras implicam, como facilmente se compreenderá, uma postura que visa a apreciação sobre um certo número de casos.
c)- “(…) e abriram-se os livros” – v. 10. Depois de ser descrito o tribunal, o juízo que se seguirá é, manifestamente, investigativo devido à alusão da abertura dos registos (livros) que se encontram no céu. A abertura destes livros é importante, na medida em que estes contêm informações que deverão ser examinadas.
A questão que importa esclarecer é: - quem é que será investigado? Neste inquérito preliminar “os únicos casos a serem considerados são os do povo de Deus” – cf. I Pedro 4.17. Deus é o supremo juiz, enquanto que o papel de Cristo é o de Advogado e, em simultâneo, de Mediador – I Timóteo 2.5; Hebreus 9.11-15,23-26; I João 2.1. Tal como o texto refere – Daniel 7.18,27 - devido ao prévio exame dos seus casos, os santos receberão o reino como herança, após o julgamento; e só assim se compreenderá tal gesto. Assim, devido a este facto, “todos quantos desejem que o seu nome seja conservado no livro da vida, devem, agora, nos poucos dias de graça que restam, afligir a alma diante de Deus, em tristeza pelo pecado e em arrependimento verdadeiro”.
O juízo investigativo que tem por objectivo recapitular a obra da Graça e de justificar o carácter de Deus, “deve efectuar-se antes do segundo advento do Senhor”, antes: 1- que recaia a sentença sobre o pecado e pecadores; 2- da instauração de um mundo novo. Por isso, o povo de Deus é admoestado a “ter agora os olhos fixos no santuário celeste, onde se está processar o ministério final do nosso grande Sumo Sacerdote na obra do juízo – e onde está a interceder pelo Seu povo”.
Assim, neste “juízo investigativo todos os casos serão examinados. Esta investigação não tem por objectivo informar Deus ou o Cristo, mas sim todo o universo, a fim de que Deus seja justificado ao aceitar uns e rejeitar outros. Satanás reivindica a humanidade como sua. Aqueles pelos quais Jesus intercede no juízo, Satanás os acusa diante de Deus, Jesus os defende tendo em conta a sua contrição e fé. O juízo investigativo permitirá indigitar quem será digno da eternidade e à ressurreição dos justos – Apocalipse 22.11,12; 20.6. Depois, “o julgamento dos ímpios constitui obra distinta e separada e ocorre em ocasião posterior”, ou seja, durante o Milénio, no qual os justos participarão – I Coríntios 6.2,3; Apocalipse 20.4. Depois do veredicto (Apocalipse 20.12), logo após o Milénio, os injustos ressuscitarão (Apocalipse 20.5a,13a) para receberem o respectivo castigo – Apocalipse 20.14,15.
Resultará do juízo um registo com os nomes dos cidadãos do vindouro reino de Cristo. Este livro contém os nomes de homens e de mulheres de todas as nações, tribos, línguas e povos. O apóstolo João fala dos salvos, na nova terra, como – Apocalipse 21.24”.
Foi dito que, no julgamento, os livros são abertos e o caso de cada um, morto ou vivo, é examinado – cf. Apocalipse 11.18. De que livros se trata? As Escrituras falam de 3 tipos de livros:
1- O livro da vida – onde são inscritos os nomes dos crentes: - Êxodo 32.32,33; Daniel 12.1; Lucas 10.20; Filipenses 4.3; Apocalipse 3.5; 17.8; 20.12,15.
2- O livro das memórias – onde se encontram inscritas todas as boas acções: - Malaquias 3.16
3- O livro da morte – onde estão inscritas todas as más acções: - Jeremias 2.22; 18.23; Oseias 13.12; Apocalipse 20.12.
Como acabámos de ver, existem livros pelos quais os mortos, em especial os injustos, serão julgados segundo as suas obras - Apocalipse 20.12 – retribuição esta que acontecerá, segundo a relato bíblico, no fim do Milénio. No entanto, convém recordar que o julgamento descrito em Daniel 7 é diferente em relação ao tempo em que ocorre, pois acontecerá antes do Milénio, na medida em que a sua sessão terá lugar enquanto ainda o chifre pequeno actua contra o povo de Deus.
d)- A entronização do Filho do homem – “(…) eis que vinha nas nuvens dos céus, um como o filho do homem (…)” – v. 13a. No Novo Testamento, Cristo falou de si próprio como sendo “filho do homem” e, como consequência, esta expressão ali vem narrada cerca de 82 vezes. Aqui, no profeta Daniel, encontramo-la pela primeira vez. Esta expressão é identificada com que personagem? Como resposta a encontramos a seguinte informação: - “A literatura rabínica também identifica o ser de Daniel 7.13 com o Messias”. Assim, esta expressão “serviu, na época de Jesus, para designar um Salvador escatológico”.
e)- O Filho do Homem recebe o reino das mãos do Pai - “e dirigiu-se ao ancião de dias e o fizeram chegar até ele. E foi-lhe dado o domínio, a honra e o reino para que todos os povos, nações e línguas o servissem (…)” – v. 13b e 14ª. Sendo Deus o “Ancião de Dias”, o Pai, será Ele a presidir a este juízo investigativo, tendo como testemunhas as miríades de anjos que assistem a este grande tribunal. Segundo a dinâmica do texto, o Filho do homem recebe o reino do Ancião de dias, no céu, na presença da multidão de anjos (e o fizeram chegar até ele – v. 13b). É após este julgamento que o reino lhe é atribuído. Por sua vez, os santos do Altíssimo recebem o reino, nesta terra, (v. 27a). Segundo o que o profeta viu em visão (v. 13) não existe nenhuma alusão directa à vinda do Filho do homem sobre a terra.
Acerca deste assunto, não deixa de ser interessante o comentário da serva do Senhor, ao referir que esta “não é a Sua segunda vinda à Terra. Ele vem ao Ancião de dias, no Céu, para receber o domínio, a honra e o reino, os quais Lhe serão dados no final da Sua obra de mediador. É esta vinda (ao Ancião de Dias) que foi predita na profecia como devendo ocorrer ao terminarem os 2300 dias, em 1844 (Daniel 8:14), e não o Seu segundo advento à Terra. Assistido por anjos celestiais, o nosso grande Sumo Sacerdote entra no Lugar Santíssimo”.
Por isso, “a estrutura da visão indica claramente que o julgamento situa-se, cronologicamente, antes da vinda e não durante ou depois. O verso 26 deixa mesmo entender que acontecerá logo após o período de 1.260 anos, ou seja, logo após 1798. Imediatamente após a menção deste período de tempo , o texto continua e diz: - ” - v. 26


3- O julgamento do pequeno chifre
a)- “Eles tirarão o seu domínio, para o destruir (…)” – v. 26. O mesmo fim já foi anunciado na visão da estátua – Daniel 2.34. O animal em conjunto com os seus chifres/reis perecerão.
Assim será julgado o Poder representado pelo 11º chifre – de início, o mais pequeno entre os restantes. A monarquia politico-religiosa que permaneceu muito mais tempo do que as outras monarquias terrestres, acabará por se afundar pelo quanto Deus tem reservado para castigar este mundo no final dos tempos.
Esta grande visão caótica do grande final do acerto de contas dos inimigos de Deus e nestes está incluído este sistema político-religioso, sob a forma de Babilónia mística – Apocalipse 16.19; 17.1,16-18; 18.10,21-24

4- O reino dos santos do Altíssimo
a)- “O reino, o domínio e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo” - v. 27. O olhar do profeta visa a eternidade “(…) em que habita a justiça” – II Pedro 3.13.
Na realidade, nesta fase cumprir-se-ão muitas promessas expressas na Palavra de Deus em relação aos eleitos – “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra” – Mateus 5.5. Nesta teocracia perfeita e definitiva, todos os salvos estarão associados à realeza de Jesus Cristo, visto que é dito que “ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono (…)” – Apocalipse 3.21.
Este reino, em contraste com os reinos terrestres do passado e do presente, será como sempre fora anunciado, ou seja, universal e eterno – Daniel 2.44; 7.14.

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