segunda-feira, 28 de junho de 2010

O REINO: CONTADO, PESADO E DIVIDIDO (Dn. 5:1-31)

O capítulo anterior falou-nos, pela última, de Nabucodonozor na 1ª pessoa. Agora um outro capítulo da história de Babilónia se abre e se fecha na pessoa do rei Belsazar. Ao longo destes três últimos capítulos pudemos ver as grandes lições dadas por Deus ao grande rei Caldeu, visando unicamente o seu arrependimento, para que reconhecesse que só o grande Deus reina e que só Ele é o soberano incontestável sobre tudo o que existe. Sim, este foi o testemunho deste homem que aprendeu a deixar o orgulho de lado, reconhecendo que a criatura humana nada é, ao exclamar: - “Todos os moradores da terra são reputados em nada (…); não há quem possa estorvar a sua mão ou que lhe diga: - Que fazes?” – Daniel 4.35
O tema deste capítulo mostra-nos um triste exemplo de quem não quis aprender com as experiências do passado, permanecendo teimosamente no enaltecimento da criatura e dos deuses inertes. Este foi o rei Belsazar, figura principal do relato deste capítulo.

1- O rei
Na realidade, quem era ele? A menção do seu nome engrossa a lista das inúmeras questões, que abordámos na primeira lição, que contribuem para colocar em causa a veracidade do livro do profeta Daniel. Teçamos alguns comentários às dúvidas existentes sobre este nome.
Algumas vozes críticas, a este propósito, dizem: - “Não tenhamos medo de dizer que a Bíblia ”; logo depois, é citado o texto bíblico que diz: - “No primeiro ano de Baltasar (Belsazar), rei de Babilónia (…)” – Daniel 7.1 – para acrescentarem a informação de que “a história não conhece nenhum rei chamado Baltazar (Belsazar)”. 

Vejamos o que nos diz a História e a Arqueologia. O rei Nabucodonozor morre no ano 562 a. C., após um longo reinado de 43 anos. Em escassos cinco anos, três reis lhe irão suceder: 1- Awel-Marduk (562-560 a. C.); 2- Nergal-shar-usur (560-556 a. C.); 3- Labishi-Marduk (556 a. C.). É neste momento histórico que se encontra um dos mais turbados períodos da história de Babilónia, do qual se encontra algum eco no livro do profeta Daniel. É aqui que surge Nabonido (Nabu-na-id), chefe da conspiração que destrona Labishi-Marduk em 556 a. C.. Nabonido era filho do sacerdote Nabû-balât-su-iqbi e de uma sacerdotisa do culto do deus Sin (deus Lua) a Haran.
Devido a diversas posições no domínio religioso, Nabonido torna-se impopular e, em 548 a. C. abandona o poder, colocando interinamente no seu lugar o seu filho primogénito Belsazar (Bel-shar-usur) e vai viver para Teima. Perante o exposto pensamos que a crítica não tem qualquer fundamento.



2- O banquete

O texto bíblico abre com um banquete oferecido por Belsazar à sua corte. Qual a razão? Sabe-se que, o seu pai, Nabonido, no 17º ano do seu reinado, ou seja, no ano 539 a. C., volta a Babilónia, na tentativa de reconquistar a popularidade perdida como também para entronizar, definitivamente, o seu filho no trono de Babilónia.
Por outro lado, existe algo no texto que aguça a nossa curiosidade – a menção do álcool! Qual a razão da sua referência? Não estará normalmente associado à festa o álcool? Se sim, por que recordá-lo? Certamente, pensamos nós, para fazer passar alguma mensagem!
Na verdade, se consultarmos as Escrituras acerca do uso das bebibas alcoólicas, talvez aqui possamos encontrar algumas pistas! Recordemos, a título de exemplo, um texto dos citados, do sábio Salomão. Aqui é dado um conselho a um seu par – um monarca! Eis o conselho: - “Não é próprio dos reis beber vinho (…) para que não bebam e se esqueçam do estatuto e pervertam o juízo (…)” – Provérbios 31.4,5. Na verdade, neste estado de embriaguez, muitas coisas o rei e os seus esqueceram, como se verá mais adiante.
Uma delas é ter esquecido as experiências que Nabucodonozor tivera com o Deus dos deuses. Assim, para mostrar que os seus deuses continuavam a ser superiores ao Deus de Israel, lembrou-se de utilizar estes artefactos, não para o serviço de um qualquer templo de pedra, mas sim ao serviço do templo-carne – a sua pessoa – um simples mortal (cf. I Coríntios 3.16,17; 6.19; II Coríntios 6.16)! No cumprimento da ordem foram servidos “o rei, os seus grandes, as suas mulheres e concubinas” e o que tinha servido para louvar o Deus de Israel, agora era utilizado para dar louvor aos deuses de “ouro, prata, cobre, ferro de madeira e de pedra” – v. 2-4. A julgar pela quantidade dos utensílios profanados poderemos imaginar a envergadura do referido banquete, na medida em que, segundo a informação bíblica os artefactos trazidos de Jerusalém pelo rei, eram em número de “cinco mil e quatrocentos” – Esdras 1.11.

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