quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A IMORTALIDADE DA ALMA

Por exclusão de partes, Deus reconhece como seus, todos os que, com sinceridade, O desejam conhecer e os que praticam a Sua vontade. Isto quer dizer que este “remanescente” ensinará a verdade e só a verdade contida nas Escrituras. É esta Verdade que o Dragão não gosta que se divulgue para que o ser humano não possa conhecer qual a vontade de Deus nem o desmascarar. Esta verdade não é outra, segundo Jesus: as Escrituras!
Abramos aqui um pequeno parêntesis: Convém não esquecer que hoje, em termos da ciência moderna e até certas confissões religiosas (!) o ensinam: Satanás, o Diabo, não existe! Saiba que esta realidade lhe dá muito prazer! E sabe porquê? Recorda-se da imagem medieval que a Igreja tradicional inventou acerca da sua pessoa? Isto é: um ser com cornos, pés de cabra, um rabo e um grande aguilhão na mão! Se falarmos em Satanás, esta é a única imagem que se forma na mente de qualquer pessoa, não é verdade?
Biblicamente, nada corresponde a nada. Como já vimos, simbolicamente, o que é dito em relação ao rei de Tiro! Essa é a descrição desta sublime entidade, tal qual ela é! Por isso é que, como vimos e agora poderemos compreender um pouco melhor, a razão pela qual os milagres e afins são realizados em nome de Deus, com todo o poder; mas de Deus só tem o nome, nada mais!
Assim, quando ele aparecer, disfarçado de Deus em poder, o qual, nenhum de nós, mortais, presenciou até ao momento! Ao vermos tanto esplendor, a quem o atribuiremos? Claro, a Deus! E porquê? Porque a maioria, acerca dele só tem a tal imagem medieval e não aquela que corresponde à realidade; e também porque desconhece o que as Escrituras falam a seu respeito! Nestas, este aparece como um ser sublime, belo, majestoso; a tal ponto que, “se possível fora até enganaria os próprios escolhidos” – S. Mateus 24:24!
O convite para escutar, para ler e conhecer a vontade de Deus é universal, como o próprio Deus o é. Não basta aderir a esta ou aquela confissão religiosa e respectivas doutrinas. Não aderir só por aderir e continuar a fazer a nossa vontade, porque assim não ganharemos nada com isso! De cristãos, unicamente teremos a etiqueta, cujos dizeres nada terão a ver com aqueles que a usam!
Quanto a nós, encontramos esta situação nas Escrituras, nomeadamente na – parábola das bodas – cf. S. Mateus 22:1-14, “este esboço da história da salvação tenciona fundamentar a passagem da missão aos pagãos: Israel não o quis”. Passaremos a tecer uns brevíssimos comentários a propósito. O texto articula-se, quanto a nós, em três tempos:

1- Fala-nos de um primeiro convite ao Israel, como povo. Este rejeitou o convite: 1- “Mandou os servos chamar os convidados (…) mas não quiseram comparecer” – v. 3; 2- “De novo mandou outros servos (…). Dizei: (…) vinde às bodas. Mas eles sem se importarem foram um para o seu campo, outro para o seu negócio” – v. 4,5; 3- “Os restantes, apoderando-se dos servos, maltrataram-nos” – v.6.
Eis o convite para as bodas (ceia), que foi rejeitado, e esta “é a ceia do tempo da salvação”.

2- Devido à rejeição de Israel, o convite passa para a gentilidade, todos aqueles que, fisicamente, não pertenciam ao povo da aliança. Agora, procede-se a um convite global: “Disse depois aos servos: «O banquete está pronto, mas os convidados não eram dignos. Ide, pois, às saídas dos caminhos e convidai para as bodas todos quantos encontrardes». – v. 8,9 (sublinhado nosso).
Vemos aqui, neste segundo momento do texto, o convite universal – a todos – sem qualquer excepção!

3- Agora estamos perante o que achamos de mais curioso e estranho da narrativa! Esta revela-nos que: “(…) e a sala do banquete encheu-se de convidados” – v. 10. Mas, quando o rei chega “ para ver os convidados”, reparou que alguém se tinha apresentado “sem traje nupcial” – v. 11! Depois, aproximou-se deste convidado e perguntou: “Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial? O outro emudeceu.” – v. 12. Esta observação ou pergunta parece muito estranha!
Porquê, perguntará? Pela simples razão que não encontramos nada no texto que nos diga que, para esta festa, se deveria “trajar” desta ou daquela maneira! É verdade que era uma boda! Mas, será que a indumentária seria assim tão importante? Até porque, segundo o texto, o convite fora feito a pessoas de muito baixa condição social! Portanto, o que está em causa, não é a qualidade da roupa, mas o tipo da mesma!

Qual a lição que o texto apresenta? O que é que Deus nos quer revelar? O facto de termos acesso ao convite, quer dizer que depende unicamente da graça de Deus através do noivo – Cristo! Assim “é por isso que ninguém poderá ser admitido revestido do velho vestido que era o seu e que é incapaz, por isso, de cobrir, aos olhos do rei, a miséria e a nudez naturais”.
Como resolver tudo isto? Uma vez mais as Escrituras nos dão a resposta. Leiamos o que ela diz a este respeito. O livro do Apocalipse tem, quanto a nós, a solução para esta estranha exigência do Pai do noivo! Eis o que anjo diz ao exilado de Patmos - uma das sete Bem-aventuranças (Apocalipse 1:3; 14:13; 16:15; 19:9; 20:6; 22:7,14), que diz: “Felizes os que foram convidados para o banquete de núpcias do Cordeiro” – 19:9.
Portanto aqui, dá-nos a conhecer que os convidados são pessoas de eleição, ou seja, não para umas bodas quaisquer! Depois, o mesmo livro, através de uma outra Bem-aventurança, dá-nos a conhecer o tipo e, ao mesmo tempo o porquê da observação feita pelo Pai do noivo. Eis o texto: “Felizes os que lavam as suas vestes, para terem direito à Árvore da Vida e poderem entrar, pelas portas, na cidade” – 22:14.
O conselho, como dissemos, não é ter um fato novo e de grande qualidade, mas sim o “lavar as vestes para terem direito”! Mas, lavar onde? No profeta Isaías encontramos um vislumbre de resposta: “(…) e o meu coração exulta no meu Deus, porque me revestiu com a roupagem da salvação e me cobriu com o manto da justiça (…)” – Isaías 61:10; no Novo Testamento: “Todos os que fostes baptizados em Cristo, vos revestistes de Cristo” – Gálatas 3:27, ou ainda “revestir-vos do homem novo, criado em conformidade com Deus” – Efésios 4:24.
Eis os ingredientes necessários: lavado, revestido - um homem novo em Cristo Jesus. O passado morreu e com ele as vestes antigas; todos nós teremos que ser novas criaturas em Cristo e não permanecer no faz de conta! Resumindo: O convite é feito a todos, mas atenção! Apesar deste ser livre, assim como deverá ser a nossa resposta ao mesmo, mesmo assim, não nos poderemos apresentar perante Deus… não importa como! Não de qualquer maneira, mas unicamente em Cristo.
Assim, a nossa conduta, tudo na nossa vida, deverá ser pautado pelas Sagradas Escrituras. E em relação a certas doutrinas? Não deverão estas, de igual modo estar em verdadeira consonância com as Sagradas Letras? Continuamos a pensar que sim. Analisemos, como de costume, mais um postulado desta confissão religiosa.

1- Preliminares
A Palavra de Deus é, contrariamente ao que muitos afirmam e, particularmente, o nosso autor, o seu próprio intérprete, isto é, ela explica-se a si mesma! Podemos não a conhecer e, por isso, não saber onde se encontra a resposta para esta ou aquela questão, nossa contemporânea, mas ela está lá.
O que é que queremos dizer com tudo isto? É muito simples: que as Sagradas Letras nos alertam para certos desvios à Verdade e para as suas perniciosas consequências! Eis-nos perante um primeiro exemplo: “Porque virá o tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina. Desejosos de ouvir novidades, escolherão para si uma multidão de mestres, ao sabor das suas paixões, e hão-de afastar os ouvidos da verdade, aplicando-os às fábulas” – II Timóteo 4:3,4.
Tal como acima temos referido, o nosso autor não nos deixa de surpreender aqui e ali! Em todo o seu livro, nota-se, vá lá perceber-se porquê, um receio atroz dos métodos ditos “historicistas”, “concordistas” ou até, como gosta de chamar: “fundamentalistas”! Enfim, quase que nos leva a crer que só o seu método é que é o verdadeiro, genuíno e, consequentemente, eficaz! Sabemos, segundo o Catecismo, à luz da definição de Magistério que, por não estarmos ligados a Roma, estamos arredados de um juízo e interpretação capazes acerca das Escrituras! Podiam ter sido menos contundentes, convenhamos!
Assim, estes – historicistas, concordistas e fundamentalistas – sem direito ou autoridade a qualquer interpretação, segundo o que acabámos de dizer, chamam a si e à sua maneira de ver as coisas, o sentido que estes acham que deverá ter as Escrituras! Para não sermos só do contra, por agora, iremos fazer de conta que concordamos com esta falácia e analisemos: - Que dizer dos métodos utilizados pelo autor? Vejamos um exemplo das suas inquestionáveis interpretações acerca de um episódio das Escrituras: - a ressurreição de Lázaro (S. João 11:1-44)!
Para o autor o que é que o texto descreve? Ao examinar esta problemática, este esclarece os seus leitores que: “o que aconteceu na ressurreição de Lázaro é uma parábola em acção de toda esta doutrina do Jesus Joanino, e a doutrina é: quem acreditar em Jesus já ressuscitou da morte para a vida (…)”. Ficamos perplexos em conhecer, por este erudito e autoridade em matéria escriturística, que afinal, este acontecimento tão importante no ministério de Jesus, não passa de uma “parábola em acção”?! Realmente o autor é uma verdadeira caixinha de surpresas! Por este andar, já não sabemos quem é quem ou quem diz o quê! Será que até o próprio Jesus não passará de uma “parábola”? A ler o que temos lido, acredite, prezado leitor, que já nada nos espantará!
Depois, ao falar mais especificamente da ressurreição, o autor faz mais uma declaração verdadeiramente espantosa! Conclui o seu raciocínio, dizendo que: “a Bíblia está cheia de textos, mormente o Novo Testamento, que afirmam a ressurreição dos crentes na vida eterna após a morte, e de modo algum relacionada com a ressurreição na terra quando esta for dominada pelo Reino de Deus, isto é, depois da segunda vinda de Cristo”. De facto, esta é mais uma das conclusões que não esperávamos ler de quem, repetimos, nos merece todo o respeito! Agora, confessemos em abono da verdade, que ficámos sem saber se sempre haverá um dia, sim ou não, uma ressurreição corpórea e, por conseguinte, visível?!
Mas para já, à luz do quanto acabámos de transcrever, estamos em crer que não! Além do mais, a julgar pelos epitáfios que encontramos nos cemitérios, tudo indica que não! Porquê, perguntará? Pela análise simples do conteúdo destes! O leitor há-de reparar que, na sua grande maioria, todos têm uma característica comum: “Eterna saudade de… “. Ora a ser verdade esta frase, então, nunca mais reveremos os queridos que ali sepultámos, com tanto carinho e dor! Esta separação é, segundo o que a frase deixa transparecer, – eterna! Caso contrário, tais palavras não terão qualquer sentido, porque a ressurreição serve para isso mesmo – rever e reaver os nossos queridos ali deixados naquela terra fria ou noutra situação qualquer!
A seguir, o autor diz que não existe no Novo Testamento textos que apontem para a ressurreição quando da segunda vinda de Jesus Cristo! Mas, perguntamos mansamente, em que Bíblia é que o autor lê? A não ser, pensamos, que as Escrituras que circulam não sejam as mesmas que existem na sua posse!
Se exceptuarmos os Apócrifos, pois como já acima nos referimos, estes não têm qualquer credibilidade em matéria de fé; estes, nesta vertente espiritual, contradizem frontalmente a homogeneidade do Cânone sagrado. Aliás, não deverá ser, de modo algum, por mero acaso que, para que esta confissão religiosa, repetimos, igual a tantas outras, possa defender algumas doutrinas, nomeadamente a que nos ocupa neste momento – A Imortalidade da Alma – terá que, forçosamente, recorrer aos Apócrifos! Caso contrário, onde as iria fundamentar?
Terá, nas Escrituras, sérias dificuldades para sustentar os seus pontos de vista, repetimos, meramente humanos! Esta foi uma das razões, como é sabido, para a convocação do famoso Concílio de Trento, isto é, com o fim de colocar a Tradição e os Apócrifos ao mesmo nível das Sagradas Escrituras – estas que são a única expressa vontade de Deus! Examinemos, sumariamente, uma corrente religiosa que ensina esta mesma doutrina.

2- Movimentos Espíritas
“O homem é eterno”. Foi sob este título que foi anunciada a visita a Portugal do espírita Divaldo Pereira Franco, considerado o maior conferencista deste século, nesta área! Veio a Portugal, a convite da Federação Espírita para fazer uma série de palestras sobre “o «autodescobrimento» e a eternidade do homem”.
Este homem “diz conhecer o segredo da eternidade humana. Esse segredo simples, tão simples como viver e morrer, reencarnar e viver, morrer de novo (…), expiando assim no nosso tempo os pecados cometidos noutras vidas; essa certeza fantástica e tranquilizante que é encarar a morte como um passamento para outro estado vivencial donde, num dos próximos séculos, se poderá sair para outro corpo humano, para outra vida de grandezas ou misérias no planeta Terra”.
Depois, falando da sua mediunidade, diz que a descobriu aos quatro anos e meio de idade, na sua cidade natal, a Baía. Ali, disse na entrevista: “Apareceu-me a minha avó (em espírito). Pediu-me para chamar a minha mãe, o que eu fiz. A minha mãe não a conheceu, porque esta morreu em consequência do parto. A minha mãe teve um choque. Fomos a casa de uma irmã dela que havia conhecido a mãe e eu descrevi-lhe o espírito. E então ela disse: É a minha mãe!”
Que fazer, perante tudo isto? Crer! Não crer! Que dizer? Como é que se poderá saber se um nosso semelhante está na condição e na dimensão acima descritas? Quanto a nós, pensamos, que só a Palavra de Deus nos ajudará a saber, realmente, o que se passa! E porquê? Porque só esta tem autoridade para falar e corrigir tudo o que se relaciona com a dimensão espiritual

a) A Palavra e o seu significado
Comecemos pelo princípio e perguntemos: O que é o homem? As Sagradas Letras, quer acreditemos na resposta ou não, revelam-nos o seguinte: “O Senhor Deus formou o homem do pó da terra e insuflou-lhe pelas narinas o sopro de vida, e o homem transformou-se num ser vivo” – Génesis 2:7. (sublinhado nosso). A palavra traduzida por - ser vivo – é, na língua original (hebreu) – nèfèsh. Ora, o que é que significa esta palavra? Esta é traduzida no Novo Testamento, língua grega, por – psuchê (Alma) – por exemplo: “Não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma” – S. Mateus 10:28
Que significado tem este termo – nèfèsh? Autoridades na matéria revelam: “certamente que não é alma. Esta palavra compreende aqui, simultaneamente, a figura, a estatura total do ser humano, em particular a sua respiração; assim, o homem não tem uma – nèfèsh (Alma) – mas ele é nèfèsh (Alma), ele vive enquanto nèfèsh (Alma)”. (sublinhado nosso)
Ora, se entendemos bem, o ser humano não tem uma ALMA que lhe seja exterior ou separada dele, mas ele mesmo é uma ALMA VIVENTE! Aliás, como foi perfeitamente bem traduzido: “ser vivo”. Por esta simples razão é que encontramos nas Escrituras textos como este: “Mal deixam de respirar, voltam ao seu pó, nesse mesmo dia acabam os seus pensamentos” – Salmo 146(145):4. Se virmos bem, faltando o tal - Rouah (o sopro de vida) - o ser humano volta ao pó, de onde saiu. É como se de um boneco se tratasse… acabou-se a pilha e, de repente, fica parado, deixa de ser o que foi, nada resta, a não ser uma carcaça que o tempo se encarregará de desfazer, nada mais!
Esta é uma das razões pela qual, os ídolos, imagens de escultura, são assim caracterizados: “Então todo o homem se tem por néscio e imbecil; todo o artista tem vergonha do ídolo que concebeu, porque fundiu apenas vaidade, desprovida de vida. São apenas nada, obras ridículas (…)” – Jeremias 10:14,15 (sublinhado nosso). Aqui encontramos várias particularidades: 1- No que respeita ao homem que as faz e as adora, biblicamente falando, é tido por: néscio e imbecil! 2- Quanto às imagens de escultura. Elas são: 1- Vaidade e sem vida; 2- São apenas NADA!
Ao nível do texto original compreende-se toda a riqueza do texto expresso. Quando é dito que o ídolo é “vaidade, desprovida de (rouah) vida. São apenas (hèbèl) nada”! Teria porventura um bocado de madeira, pedra, ferro, ouro, prata, qualquer vida? Não, não é verdade! Logo, a imagem, em si mesma, não passa de vaidade, de um ser sem ser! Portanto, é o mesmo que qualquer um de nós sem o Espírito, a energia, o elemento motriz!
Assim, perante estes factos, ainda acrescentaríamos que “dentro deste emprego extremamente abundante de nèfèsh (Alma), traduzido por – vida – resta notar que a nèfèsh nunca tem o significado de uma substância vital, indestrutível distinta da vida corporal e que poderia subsistir independentemente do corpo”. Se chegássemos a compreender esta explicação, quão tudo seria diferente. Portanto, o homem nada tem de eterno ou imortal!
Na matemática, “o todo é igual à soma das partes”. O homem - alma vivente – cf. Génesis 2:7, é um todo, composto pelo corpo e este Espírito que lhe comunica o movimento. No momento da morte “e o pó volte à terra donde saiu, e o espírito volte para Deus que o deu” – Eclesiastes 12:9! Isto não é mais nem menos do que o contrário do que aconteceu no que deu existência ao ser humano: “O Senhor Deus formou o homem do pó da terra e insuflou-lhe pelas narinas o sopro da vida, e o homem transformou-se num (nèfèsh) ser vivo” – Génesis 2:7. Assim: “A nèfèsh é o resultado da basar (corpo), animado pela rouach (Espírito). (…) Não há vida sem espírito, é o que ensina claramente Génesis 2:7”.
Portanto, o que resta na morte? O corpo desaparece. O Espírito, segundo o texto bíblico, volta para Deus. É, permitam-nos a comparação, como se fôssemos um carro! O espírito é a gasolina que faz com que o carro ande durante a nossa existência, mais ou menos longa! Mas será este “Espírito” a nossa “alma”? Claro que não! Até porque, como já vimos, não temos uma Alma, mas SOMOS, no nosso TODO uma ALMA!
Assim, os malefícios feitos pelo condutor deste carro, ao longo da nossa existência, serão atribuídos à gasolina, ao tal Espírito? Claro que não! Só nós, condutores, é que seremos responsáveis, não é verdade? Já alguma vez se viu um Agente de Seguros, a polícia ou um juiz pedir responsabilidades à gasolina? É por esta razão que S. Paulo pôde escrever: “Porque todos havemos de comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba o que mereceu, conforme o bem ou o mal que tiver feito, enquanto estava no corpo” – II Coríntios 5:10. Portanto, é o corpo e não o Espírito que é o culpado! O Espírito, a exemplo da gasolina, é neutro! Logo, nada existe em nós de imortal!
Reforçando esta verdade é-nos dito que: “as palavras espírito e alma encontram-se 1700 vezes na Bíblia. Ora, jamais elas são acompanhadas do adjectivo: imortal”. Quando procuramos este adjectivo nas Escrituras, encontramo-lo, unicamente, aplicado a Deus, não ao homem: “Ao Rei dos séculos, imortal, invisível, Deus único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amen.” – I Timóteo 1:17

b) As Escrituras e os Médiuns
Quando falámos neste médium brasileiro e no que ele diz acerca da tal reencarnação, vimos que, biblicamente falando, o ser humano nada tem em si mesmo que possa reencarnar, seja em quem for! Mas se este diz que sim, para que evidenciemos o que queremos mostrar, por agora, digamos que estamos de acordo com tal afirmação!
Depois contou também a sua experiência ao ter-lhe aparecido a “sua avó”! Uma vez mais, continuamos a não duvidar da narração do autor! Não estamos a negar que tivesse vivido o que ele diz, ou outro qualquer o possa afirmar! O que negamos, frontalmente, é a personagem que ele diz que aparece, ou seja, um seu amigo ou familiar, neste caso, a avó! Portanto, dizemos que se tal facto existiu ou existe, também afirmamos, ao mesmo tempo, que esta personagem não é a avó que apareceu! Então quem é? É muito simples! Firmando a nossa opinião nas Sagradas Escrituras, é alguém por ela, imitando-a em tudo, na perfeição!

3- O Caso de Saúl (I Samuel 28:1-25)

a) Saúl estava em guerra com os filisteus e, em desespero de causa, queria saber o que Deus lhe tinha reservado, mas “o Senhor não lhe respondeu nem pelos sonhos, nem pelos sacerdotes, nem pelos profetas” - v. 6.
Depois, foi procurar uma médium (bruxa, feiticeira) para que o pusessem em contacto com o já falecido profeta Samuel! Sabemos, pelas Escrituras que “(…) os mortos não sabem nada (…)” – Eclesiastes 9:5. O procedimento de Saúl é ilógico! Porquê? Se Deus não lhe responde por meios lícitos (sonhos, sacerdotes, profetas), como o poderia fazer por meios por Ele condenados?

b) “Disse-lhe então a mulher: «A quem invocarei»? Respondeu-lhe Saúl: «Faz com que me apareça Samuel».” – v. 11. A consulta continuou: “E a mulher tendo visto Samuel, soltou um grande grito, e disse ao rei:«Porque me enganaste»? Disse-lhe o rei: «Não temas! Que vês»? - «Vejo, respondeu a mulher, um Deus que sobe da terra». Saúl replicou: “«Qual é o seu aspecto?» - «O de um ancião, envolto de um manto», respondeu ela. Saúl compreendeu que era Samuel e prostrou-se com o rosto em terra.” – v. 11-14. 
Saúl não viu Samuel, como seria natural caso ele aparecesse! O rei – entendeu – pensou, que se tratava verdadeiramente do profeta Samuel, segundo a descrição feita pela Pitonisa!
Por outro lado: se Samuel “sobe da terra”, então, verdadeiramente ressuscitou! Mas como é que ele sobe na terra de En-Dor, ao sul do mar da Galileia, a 10 km da cidade de Nazaré, (ver mapa) – se o verdadeiro Samuel estava sepultado em Ramá (I Samuel 25:1), ao norte do mar da Galileia, cerca de 100 km de En-Dor! E para cúmulo, este lhe aparece, por intermédio de uma feiticeira!

c) De seguida, o diálogo estabelece-se sob duas vertentes: 1- O pseudo profeta no v. 17,18 fala do passado. E para falar do passado – cf.15:1-29, cremos não ser necessário assim tanto poder! Bastará recordar, nada mais! 2- Fala do futuro imediato – v. 19. Sabendo o desespero do rei, não seria nada difícil prever o desfecho da batalha que se avizinhava!
Mas, quando fala do futuro, eis o que o pseudo profeta Samuel diz: “Amanhã, tu e teus filhos estareis comigo (…)” – v. 19. Perguntamos: O verdadeiro Samuel era justo. Se em vida se retirou de Saúl por causa da sua iniquidade, iria viver com ele na morte, no dia seguinte? Portanto, a narração é feita segundo a linguagem das aparências e não segundo a veracidade da doutrina bíblica. Mas, quanto à causa da morte de Saúl? As Escrituras não nos deixam sem resposta. Ei-las:

1- Porque Lhe foi infiel;
2- As Suas palavras não observou;
3- Por ter consultado necromantes (médiuns)
Cf. – I Crónicas 10:13.

E em que palavras é que prevaricou? Eis a ordem de Deus que ele voluntariamente esqueceu a qual contribuiu para a sua morte: “ao feiticeiro, ao espiritismo, aos sortilégios ou à invocação dos mortos. Porque o Senhor abomina aqueles que se entregam a semelhantes práticas (…)” – Deuteronómio 18:11,12. Portanto, para nós são bem claras as razões da sua morte.

d) Quem procura comunicar com os mortos comunica, na realidade com os demónios – cf. Salmo 106(105):28,37; I Coríntios 10:20. Através do quanto pudemos ver até aqui, o Senhor abomina tais práticas: “Quando vos disserem: consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram entre dentes; não recorrerá um povo ao seu Deus? A favor dos vivos interrogar-se-ão os mortos?” – Isaías 8:19.
Portanto, poderá Deus dizer duas coisas diferentes acerca do mesmo assunto? E a prova que não é assim – o resultado foi a morte do rei Saúl, tal como vimos! Ora: se tudo se passou como se… então quem esteve por trás de todos estes acontecimentos do passado? E, de igual modo, quem está presente nos mesmos factos do presente? Uma vez mais as Escrituras não nos deixam sem luz: “E não é de estranhar, porque o próprio Satanás se transfigurará em anjo de luz” – II Coríntios 11:14.
Repetimos: Nunca negámos que tal não é verdade, antes pelo contrário! Tudo “realmente” aconteceu! Só que, os personagens representados e, supostamente aparecidos, não são quem dizem ser! As personagens reais repousam, segundo o texto bíblico, no pó da terra, aguardando a ressurreição! Mas esta personagem, excelsa em poder, imitará com a maior das facilidades tudo o que for inerente ao falecido, pois tem poder para isso – exactamente como o denuncia, veementemente, S. Paulo, como vimos pelas Escrituras!

4- Detalhes
Foi no Concílio de Latrão, em 1513, que a teoria da imortalidade natural da alma foi adoptada como dogma eclesiástico. Mas, uma vez mais, além das precisões que acima fizemos, teceremos uma ou outra questão sobre o assunto.
Se ainda subsistir qualquer dúvida na nossa mente acerca da entidade do Espírito, isto é, se este é consciente, então perguntaremos: como compreender, por exemplo, as palavras de Cristo? Na cruz disse: “(…) Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito” – S. Lucas 23:46. Se este “espírito fosse uma parte consciente, só por si, então como entenderíamos as palavras de Jesus a Maria Madalena, pouco depois da Sua ressurreição, quando lhe disse: “Não me detenhas, porque ainda não subi para Meu Pai (…).” – S. João 20:17?
Seria bom que pudéssemos recordar o caso de Adão e de Eva. Se houve um Homem que teve ao seu alcance a imortalidade, segundo o relato bíblico, esse homem foi Adão! Mas quando o primeiro casal, deliberadamente, se afastou de Deus, o Criador não teve outra alternativa a não ser expulsá-los do Jardim do Éden: “Depois de ter expulsado o homem colocou, querubins a oriente do jardim do Éden, querubins armados de espada flamejante para guardar o caminho da árvore da vida” – Génesis 3:24. Perguntamos: se sempre foi eterno em si mesmo, então para quê barrar ao homem, o acesso à árvore da vida? Portanto, a imortalidade era constantemente adquirida! Esta lhe era comunicada pela “árvore da vida”!
Ensinam que a nossa “alma” é o “Espírito”, que por essência é imortal, claro! Ora, se a Alma e o Espírito são a mesma entidade, então, o Espírito que é uma entidade por essência - imortal – e, se na morte, a tal “alma” ou “Espírito”, tanto de maus como de bons, segundo as Escrituras “volta para Deus” – Eclesiastes 12:7. Perguntamos: então, coabitarão no mesmo sítio “almas” boas e más e, ainda por cima, imortais? E depois, se por definição estas são “imortais”, então quem as poderá aniquilar para todo o sempre?
Mas que confusão quando queremos misturar teorias humanas, pagãs, com a harmonia do ensino bíblico!
Acerca do estado do homem na morte, as Escrituras nos informam, com toda a clareza que: ”Os que estão vivos sabem que hão-de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem recebem mais recompensa, porque a sua lembrança está esquecida. O amor, o ódio, a inveja pereceram juntamente com eles; não terão mais parte alguma, para o futuro, no que se faz debaixo do céu” – Eclesiastes 9:5,6. Outros ensinam que este mesmo espírito irá para o céu, para junto do Senhor, louvá-Lo! Também para estes as Escrituras têm uma palavra elucidativa: “(…) na mansão dos mortos quem vos louvará” – Salmo 6:5,6; ou ainda “a morada dos mortos não vos louvará, nem a morte vos celebrará, nem esperam na vossa fidelidade os que descem à sepultura. Os vivos são os que vos louvam como eu vos louvo agora” – Isaías 38:18,19. Portanto, cinco palavras apenas, resumem o estado do homem na morte:

1- Silêncio;
2- Esquecimento;
3- Inconsciência;
4- Sono;
5- Repouso.

Note que a Palavra de Deus caracteriza a morte como um “sono”! Exactamente como o Senhor Jesus o disse claramente no caso da morte do Seu amigo Lázaro: “Lázaro, o nosso amigo, dorme; mas vou despertá-lo (…). Então Jesus disse-lhes claramente:«Lázaro está morto» (…)” – S. João 11:11,14. É aqui, prezado leitor que reside a nossa suprema esperança. Se a morte é comparada, biblicamente, a um sono, então, graças a Deus por isto, porque a acção de dormir pressupõe um ACORDAR! Quer o leitor maior certeza?
E mais! Falámos da noção de “repouso”. Quando alguém morre, para onde é que este vai? Sim, exactamente para aí, onde está a pensar – o cemitério! Mas sabia que esta palavra – koimêtérion (cemitério) – deriva do verbo – koimizô (adormecer) ! Portanto, o cemitério é um lugar para dormir, repousar, nada mais! Um lugar de espera para um posterior acordar e não um sítio onde vamos depositar os nossos queridos para todo o sempre, como certas confissões religiosas, infelizmente, o ensinam! Que maravilhosa esperança! Que Deus espantoso!
Dr. Ilídio Carvalho

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