quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A ACTUALIDADE: FÁTIMA

A lei ritual mosaica preconizava vários tipos de oferta, após a maternidade, segundo a bolsa do ofertante: “Se não tiver meios para oferecer um cordeiro, tomará duas rolas ou duas pombas ainda novas; uma para o holocausto; outra para o sacrifício expiatório; e o sacerdote fará a expiação por ela e será purificada” - Levítico 12:8 tendo em conta a sua humilde oferta – “um par de rolas ou duas pombinhas” - S. Lucas 2:23,24. Pela oferta dada ficamos a conhecer que Maria e José eram um casal de muito baixos rendimentos. Portanto, significa que tiveram uma existência muito difícil! Se tivermos em conta as imagens de escultura existentes e a maneira como esta é retratada, perguntamos: que tem a ver a figura apresentada, nos nossos dias, com a realidade física da personagem?
Se é verdade o que alguns autores nos divulgam acerca da idade de Maria, esta “quando deu à luz, devia ser uma jovem de quatorze anos”; então convidaríamos o leitor a ter a amabilidade de fazer uma simples conta de somar; junte a estes anos, os de Jesus quando morreu (33 anos). Portanto, Maria, à morte de Jesus teria cerca de 47 a 50 anos, o que para a época, e para uma simples e pobre cidadã, deveria ser uma idade muito razoável!
Maria, uma mulher popular, extremamente pobre, que aspecto poderia ter? Certamente que nunca teria o aspecto igual ou parecido àquele que é apresentado através da estatuária! Como seres humanos e sociáveis, facilmente compreendemos que não seriam traços a representar uma mulher de grande simplicidade! Assim, o que os olhos do fiel contemplam, não só nada tem a ver com a realidade projectada, no que respeita a – juventude e beleza – como também em nada corresponde ao original, pela simples razão de não existir qualquer testemunha ocular!
Depois, como é que esta imagem aparece aos devotos? É interessante ler o que a este propósito nos é dado a conhecer! Comecemos pela descrição da imagem: “esta mede 1,10 metros e é feita de madeira de cedro do Brasil. As mulheres portuguesas agradecendo à Virgem de Fátima o não envolvimento directo de Portugal na II guerra. Em campanha nacional para a recolha de ofertas para a confecção de uma coroa, angariaram-se 8 kg de ouro e inúmeras pedras preciosas. A virgem de Fátima tem incrustada no seu interior, uma das balas do atentado ao Papa João Paulo II, no Vaticano, em 13 de Maio de 1981. De um valor incalculável, nesta coroa trabalharam, gratuitamente, doze especialistas durante três meses. Exemplar único, pesa 1200 gramas e tem 313 pérolas e 2679 pedras preciosas (…)”.
Recordaremos aqui uma pequena frase integrada no dogma da Assunção de Maria; esta é “A Virgem Imaculada (…) exaltada por Deus como rainha”; ou ainda o que disse o autor que nos ocupa, quando falava acerca de Maria, acrescentando: “se eu olho para uma pintura da Mãe do Senhor Jesus, lhe ofereço flores, incenso, cânticos, procissões (…). Lembramo-nos de um paralelo bíblico, quando o povo se desviou do culto a Deus e se voltou para os ídolos – imagens de escultura (quer humanas ou de animais). O texto bíblico diz: “Não aceitaremos o que nos dizes em nome do Senhor. Antes, cumpriremos todas as promessas que fizemos de queimar incenso à rainha do céu e de lhe oferecer libações (…)” – Jeremias 44:16-19.
Qual é a posição do profeta em função da idolatria, pela parte do povo? A este efeito lê-se: “ A apostasia, o cinismo e a idolatria do povo provocaram uma violenta reprovação do profeta”. E quem era esta rainha dos céus? Ela era a deusa Astarote – Istar.
Não conseguimos compreender por que razão a estátua, imagem de Maria, não é um ídolo!? Qual a diferença entre esta e as imagens de escultura denunciadas quer no Antigo quer no Novo Testamento? O texto dos 10 mandamentos é bastante claro a este respeito: “Não farás para ti imagens esculpidas, nem qualquer imagem do que existe no alto dos céus (…); não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto (…)” – Êxodo 20:4-6. Em quê esta imagem de escultura está isenta desta proibição? Quanto a nós? Em nada!
A Virgem é, como sabemos, “invocada na Igreja com os títulos de advogada, auxiliadora, socorro e medianeira”. Mas, como poderia ser “mediadora” se, como já vimos - nem sempre se teve conhecimento que o era!? E como conciliar esta afirmação, doutrina e crença com o texto bíblico que ensina que: “há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo Homem” – I Timóteo 2:5 (sublinhado nosso). Perguntamos: então, quantos mediadores existem? Em quem confiar? Na palavra humana ou na divina? Uma vez mais, preferimos ficar ao lado da imutável Palavra de Deus.
Pelo menos seguimos, quanto a nós, o magno conselho daquele que esta confissão religiosa diz ter sido o primeiro Papa – Simão Barjonas. Após ter sido ameaçado pelos altos dignitários eclesiásticos da época, para que não falassem mais do nome incómodo de Jesus, ele mesmo disse: “(…) importa mais obedecer a Deus do que aos homens” – Actos 5:29.
Portanto, para que não haja quaisquer equívocos, reiteramos o nosso mais profundo respeito pela pessoa de Maria – a mãe do nosso Salvador. Vamos ilustrar de uma forma ainda mais simples e compreensível, o que Maria representa para nós: Deus quis mandar-nos a Salvação. Fê-lo através de uma carta e de um envelope; exactamente, como qualquer um de nós faz ao escrever a alguém, não é verdade? Assim, ao recebermos esta “carta” de grande valor enviada por Deus, abrimos o “envelope” e cuidadosamente lemos e nos apropriamos do seu conteúdo, não é verdade? Até aqui tudo bem, dirá o prezado leitor! E depois?
Depois? Pois bem: Quanto ao conteúdo – o Escrito, a Salvação – Cristo ( cf. S. Lucas 19:9) – nós guardamo-Lo; mas, o que é que fazemos com o envelope - Maria? 1- Uns, amarrotam-no e o lançam fora! 2- Outros, por ter contido uma grande notícia, ainda o guardarão religiosamente! 3- Outros ainda, farão o mesmo até que, ao serem devidamente informados, esclarecidos, apesar deste ter tido um grande valor representativo, para nada serve e não o guardarão mais! É esta, prezado leitor a posição:

1- Do incrédulo – (Aquele que o amarrota e, descuidadamente o lança fora).

2- Do religioso - mas que não consulta as Escrituras; (Aquele que o mantém, pelo seu valor simbólico).

3- Do religioso - que se vai iluminando devido à consulta da Palavra de Deus e que agem em conformidade com os ensinos ali ministrados. (Não o guardarão, apesar do respeito e carinho que nos merece, pois preferimos o conteúdo – o Salvador. Pensamos ser o caso de todo o verdadeiro cristão).

Estamos a ser desrespeitosos ao ilustrarmos assim a posição dos diversos tipos de pessoas às quais o Evangelho é dirigido? Não é esse o nosso propósito. Todos estes grupos merecem todo o nosso respeito, apreço e carinho. Mas outra coisa é concordarmos com os seus métodos de actuação. O erro poderá ser muito aliciante, mas em plena consciência, quem poderá resistir à Verdade?
A este propósito, eis o que diz S. Paulo: “Nada podemos contra a verdade, mas só a favor da verdade” – II Coríntios 13:8. Ainda recentemente saiu um livro adverso ao culto Mariano, escrito por Mário de Oliveira que está suspenso das suas funções. O título da obra é – Fátima, nunca mais (CLICAR). Quanto a nós não passa de uma tentativa para repor a Verdade… tão maltratada por este sistema religioso.

Bibliografia:
Daniel-Rops, op. cit., p. 133
Manuel Vilas-Boas et all, Fátima, os Lugares da Profecia, Lisboa, Ed. Círculo de Leitores, 1993, pp. 118,119
Catecismo, p. 219, nº 966
Joaquim Carreira das Neves, OFM, op. cit., p. 127
Jean Steinmann, Le Prophète Jéremie, Paris, Ed. Du Cerf, 1952, p. 269
Idem, p. 268
Catecismo, p. 220, nº 969

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