quinta-feira, 17 de maio de 2012

O Rei do Norte e o Anticristo na Profecia Bíblica

Na abordagem que iremos fazer a este capítulo 11 do profeta Daniel, não será, de forma alguma, no detalhe, mas não mais do que umas breves pinceladas ao longo da dinâmica complexa das vivências humanas que este refere.
No que respeita a este detalhe e precisão histórica, tudo isto fez que alguém se pronunciasse sobre o conteúdo do livro do profeta Daniel, um homem chamado Porfírio. Este disse, quando leu Daniel 11, que este capítulo era demasiado detalhado e, igualmente, certo no seu cumprimento para ser uma profecia; desta forma, ele questiona a autenticidade de Daniel, desenvolvendo alguns argumentos que a crítica actual ainda usa como sendo uma norma. Assim sendo, afinal, o que é que se entende por profecia? Certamente que encontraremos as mais diversas afirmações acerca deste tema. Para que estejamos mais perto do seu significado, subscrevemos totalmente esta definição, pois “profecia é a História escrita antecipadamente”. Ora, como Porfírio não fazia ideia do que realmente era a profecia, foi numa outra direcção, ou seja, começou a dizer que este livro não foi o profeta que o escreveu. Devido ao seu detalhe e respectivo cumprimento, como dissemos, este irá afirmar que este livro foi escrito muito posteriormente, no tempo dos Macabeus, com o nome de Daniel, ou seja, depois da maioria dos acontecimentos terem sido uma realidade.
Para ele, o autor do livro de Daniel escreveu no tempo de Antíoco IV Epifânio! O que não deixa de ser espantoso é, não só que o cristianismo aceita o que um pagão estipulou como sendo uma verdade acerca da Palavra de Deus, como também crítica textual ainda usa os mesmos argumentos como sendo uma norma! Esta foi a sua direcção para tentar contornar o que ele não queria crer, visto que a descrição dos factos era demasiadamente perfeita! Portanto, o autor escreveu no presente a relatar o passado realizado – logo, a profecia não existe – revelar o futuro desde o presente. Mas, o facto de reconhecer o cumprimento dos factos, indica claramente que a Palavra de Deus é inspirada.
- V.1- “Eu, pois, no primeiro ano de Dario, Medo, levantei-me para o animar e fortalecer”.
Na verdade, com que capítulo do livro de Daniel devemos relacionar este capítulo 11? Parece-nos que será com o capítulo 9, até porque o espaço temporal é o mesmo – “No ano primeiro de Dario (…) da nação dos Medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus” – Daniel 9.1. Assim sendo, este capítulo 11 parece ser uma ampliação do capítulo 9, e este, por sua vez, a do capítulo 8, visto que o capítulo 9 não só aborda a temática dos 2300 tardes e manhãs do capítulo anterior – Daniel 8.14 – como também nos dá a conhecer o início deste tempo longo profético através da profecia das 70
semanas – Daniel 9.24-27.
No tempo de que rei foi dado o decreto para dar início a esta 1ª fase – profecia das 70 semanas – retiradas do tempo longo das 2300 tardes e manhãs. Esta 1ª fase estava implícita no “sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém (…)” – Daniel 9.25? A Bíblia dá-nos a conhecer que foi no tempo do reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia um último decreto – o 3º - dos emitidos até no 7º ano do seu reinado – Esdras 7.1,7,8,12-26. Neste, não somente o templo é visado, como também a nomeação de juízes, magistrados para administrarem a cidade (Esdras 7.24,25). Este decreto dá aos judeus a sua existência política. Este trata da reconstrução e restauração de Jerusalém e não simplesmente do templo. Segundo o relato de Esdras, Artaxerxes emitiu este decreto no 5º mês do 7º ano do seu reinado – Esdras 7.8. – isto é, no Outono do ano 457 a. C.
- V.2- “E agora te declararei a verdade: Eis que ainda três reis estarão na Pérsia, e o quarto será cumulado de grandes riquezas mais do que todos; e, esforçando-se com as suas riquezas, agitará todos contra o reino da Grécia”
O capítulo 11 do profeta Daniel começa de uma forma muito particular. Este fala que “(…) três reis estarão na Pérsia(…)”. Segundo o mesmo profeta, a referência deste poder, até então, era a “Média/Pérsia”! Onde, portanto, ficou a Média? A razão é porque nesta fase da História, a dinastia dos Medos já não existia. Estes três reis persas de que fala o texto em primeiro lugar são: 1- Cambises (529-521); 2- Dario (521-485); 3- Xerxes (485-465), ou seja, o rei Assuero da rainha Ester. E, de seguida é mencionado um outro (o 4º), cujo nome é Artaxerxes (465-424). Segundo o que está escrito, estes reis irão lutar contra a Grécia. Na Palavra de Deus, nada está escrito ou revelado por mero acaso. Assim sendo, chama-nos à atenção a maneira, de certa forma, estranha de enumerar a sucessão dos reis Persas. Note-se que são mencionados três reis, havendo uma referência especial e particular sobre o último, o 4º. Cremos que o profeta tinha uma intenção, a de situar o leitor na História, ou seja, reforçando a ideia de que este 4º rei iria desempenhar um papel preponderante na história do povo de Deus. Na verdade, é com este – rei Artaxerxes - que começa a profecia do capítulo 9, promulgando o decreto em relação a Jerusalém, como vimos. Aqui, no capítulo 11 não existe qualquer menção a Babilónia porque esta já pertence ao passado e, consequentemente, este símbolo não tem qualquer ligação com o longo período profético das 2300 tardes e manhãs.
- V.3- “Depois se levantará um rei valente, que reinará com grande domínio, e fará o que lhe aprouver”.
Este “(…) rei valente (…)” devido à sequência da apresentação símbolos dos capítulos anteriores, não é outro a não ser o rei grego Alexandre Magno. Corresponde perfeitamente ao símbolo anteriormente mencionado – Daniel 8.5 – o “bode” onde é referido que tinha “uma ponta notável”. Este, como já referimos anteriormente, foi um estratega brilhante pois, num curto espaço de tempo, conquistou tudo o que havia para ser conquistado no mundo antigo. Todas estas características estão expostas na profecia anterior, em que, para sublinhar a rapidez das suas conquistas, foi dito que, este animal – o bode – deslocava-se “sem tocar o chão” – Daniel 8.5.
- V.4- “Mas, estando ele em pé, o seu reino será quebrado e será repartido para os quatro ventos do céu; mas não para a sua posteridade, nem tão pouco segundo o poder com que reinou; porque o seu reino será arrancado e passará a outros”.
Tudo o que este versículo fala, historicamente, cumpriu-se. Tal como dissemos anteriormente, ou seja, quando se preparava para governar o seu vasto império, eis que a morte o ceifa. Agora, sem descendência, o seu reino será dividido pelos seus quatro generais, formando assim outros reinos. Tal como fora dito séculos antes, tudo se cumpriu ao pé da letra. Tudo isto traz-nos à mente, a este propósito, alguns excertos da Palavra de Deus. O profeta Jeremias assim se expressa: - “(…). Serias tu para mim como ilusório ribeiro e como águas inconstantes? (…)” – Jeremias 15.18; ou ainda: - (v.28)- “O profeta que tem um sonho conte o sonho; e aquele em quem está a minha palavra, fale a minha palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? Diz o Senhor. (29)- Não é a minha palavra como o fogo, diz o Senhor, e como um martelo que esmiúça a penha?” – Jeremias 23. O profeta, igualmente, assim se expressa: - (22)- “Tragam e anunciem-nos as coisas que hão-de acontecer; anunciai-nos as coisas passadas, para que atentemos para elas e saibamos o fim delas; ou fazei-nos ouvir as coisas futuras. (23)- Anunciai-nos as coisas que ainda hão-de vir, para que saibamos que sois deuses; fazei bem, ou fazei mal, para que nos assombremos e, juntamente, o vejamos” – Isaías 41. E, finalmente: - (9)- “Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. (10)- Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade” – Isaías 46.
O propósito que nos move, neste preciso contexto, tal como referimos de início, não é, de modo algum ser exaustivo no quanto descreve Daniel 11. Iremos, portanto, dar um salto na primeira parte deste capítulo por se tratar de guerras e golpes entre o rei do Sul (Egipto) – Lágidas, dinastia dos Ptolomeus - e o rei do Norte (Síria) - Selêucidas) (Egipto) – assim como a presença, em crescendo do Império Romano - do v.5-19. O que nos importa ver e saber é, isso sim, onde nos encontramos nesta mesma história, em função do cabal cumprimento profético do quanto, neste capítulo, está anunciado.
Do v. 20 ao 22 iremos encontrar o cumprimento de alguns factos bíblicos relacionados com Jesus Cristo, a saber: 1- o Seu nascimento; 2- o Seu Baptismo; 3- a Sua morte. Esta porção das Escrituras situa-nos, em pleno, sob o poder de Roma imperial. Vejamos estes versículos mais detalhadamente:
1- O Seu nascimento:
- V.20- “E em seu lugar se levantará quem fará passar um arrecadador pela glória real; mas em poucos dias será quebrantado, e isto sem ira e sem batalha”.
Roma chegou ao clímax da sua grandeza durante a época de Augusto (30 a.C.-14 d.C.). Este verso faz referência a um “arrecadador” ou exactor, alguém que recolhe impostos. Na verdade faz referência ao impulso inovador de Augusto nesta área. A este propósito é dito: - “ O regime imperial exigia um sólido sistema financeiro para fazer frente aos custos da nova estrutura político-administrativa (…). Augusto, contudo, lançou impostos indirectos para os habitantes de Roma e da Itália, como expressão de que a vontade imperial afectava também o núcleo do Estado. Para se aplicar uma política fiscal justa e eficaz era necessário efectuar censos e cadastros. Daí que Augusto mandasse proceder ao recenseamento e registo cadastral (…)”. No evangelho de S. Lucas encontramos uma referência a este momento da História, directamente relacionado com o facto histórico – o nascimento de Jesus – (v.1)- “E aconteceu naqueles dias que saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo se alistasse. (2)- . (3)- E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. (4)- E subiu também José da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de David, chamada Belém (…). (5)- Afim de alistar-se com Maria, sua mulher, que estava grávida” – Lucas 2. Fala-se aqui de . Este episódio situa-nos directamente na época do nascimento de Cristo, visto que esta actividade implicou o recenseamento de José e de Maria.
2- O Seu Baptismo:
- V.21- “Depois se levantará em seu lugar um homem vil, ao qual não tinham dado dignidade real; mas ele virá caladamente e tomará o reino com engano”.
Depois de algumas intrigas palacianas, finalmente, Tibério César (14-37 d.C.) sucede a Augusto no trono de Roma. De igual maneira, esta referência para um outro momento narrado na história bíblica – o baptismo de Jesus – situando-nos no ano 27. Ora vejamo-lo: - (v.1)- “E no ano quinze do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos presidente da Judeia (…)”. (21)- E aconteceu que, como todo o povo se baptizava, sendo baptizado também Jesus, orando ele o céu se abriu” – Lucas 3.
3- A Sua morte:
- V.22- “E com os braços de uma inundação serão arrancados de diante dele, e serão quebrantados como também o príncipe do concerto”.
O que se passará com o “príncipe do concerto”? Este será “quebrantado”. E a que se referirá este “príncipe do concerto”? Esta personagem não é outra a não ser o Senhor Jesus Cristo. Como é que sabemos que é assim? Pois o contexto histórico não só é o mesmo como também as palavras empregues na referida profecia das 70 semanas. Este texto catapulta-nos para o tempo em que Cristo morre na cruz e que cumpre o que foi anunciado, no quadro das 70 semanas: – (26)– “(…) será tirado o Messias (…).(27) (…) e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares (…)”– Daniel 9. Aqui estamos em pleno no ano 31 da nossa era. Até aqui podemos aperceber-nos da interligação entre estes dois capítulos, ou seja Daniel 11 e Daniel 8.14 – a profecia dos 2.300 tardes e manhãs. Aqui podemos ver claramente estas 3 etapas de Jesus Cristo: 1- o Seu nascimento (tornar-se carne); 2- o Seu Baptismo; 3- a Sua Morte.
No texto que nos ocupa, recorde-se, estamos em pleno Império Romano – Roma imperial – quando “o príncipe do concerto” foi quebrantado – v. 22. Em Daniel 9.25 diz acerca do “Messias, o príncipe” que, na metade da semana será morto – v. 27 – ou seja, “será tirado o Messias” – v. 26. Concorda Daniel 11 com a profecia das 70 semanas de Daniel 9? A resposta não só é afirmativa245 como também há toda a vantagem em estudar estes textos juntamente. Podemos ver, até aqui, que a sequência ou estrutura se mantém, inerentemente aos reinos, a saber: 1- Pérsia; 2- Grécia; 3- Roma Imperial. Agora se fizermos um paralelismo com a estrutura de Daniel 2 e 7, qual será, logicamente, o próximo poder a existir na estrutura do texto bíblico? Sem dúvida alguma, que o poder a seguir será – Roma papal. O que vimos até aqui, no fundo, não é mais do que situar o que vem a seguir.
Recordando o que já foi dito. Podemos ver quatro esquemas proféticos no livro do profeta Daniel, a saber: 1- Daniel 2; 2º- Daniel 7; 3º- Daniel 8 e 9 (na medida em que o capítulo 9 é a continuação natural do 8º, na medida em que a profecia das 70 semanas do Capítulo 9 é a primeira parte do tempo longo dos 2.300 tardes e manhãs do capítulo 8; 4º- Daniel 11 e 12. Cada uma destas fases enfatiza as diferentes fases do ministério de Jesus, na medida em que elas são complementares. Desta forma, de Daniel 2 a Daniel 12, algumas das particularidades do ministério de Cristo são colocadas em destaque. Por exemplo: - 1- Daniel 2 – Cristo é visto como Rei de reis e Senhor de senhores, na medida em que a noção de “reino” está presente neste capítulo; quando Cristo voltar, este “reino que não será jamais destruído; reino que não passará a outro povo; (…) que será estabelecido para sempre” – v. 44. 2- Daniel 7 – o elemento fulcral é que Jesus Cristo é juiz. Pois cada vez que Jesus se apresenta perante o Pai para receber o reino, o relato bíblico refere este ambiente: - assentou-se o juízo, e abriram-se os livros e o juízo foi dado a favor dos santos – v. 10,13,14,27. Estas duas funções estão interligadas, pois para que Jesus possa ser rei terá que ser juiz; 3- Daniel 8 e 9 – mostra-nos uma outra faceta de Cristo, isto é, que Ele é, desta vez, o nosso Sumo-sacerdote, visto que o contexto próximo está ligado ao Santuário – pisar o santuário; tirar o contínuo; príncipe do exército; transgressão assoladora – v. 11-14,25.
Por que é que em Daniel 8 unicamente são mencionados dois animais, enquanto que, no capítulo 7 são mencionados 4? Se o capítulo 7 e 8 são paralelos, então por uma questão de coerência, o capítulo 8 também deveria ter 4 animais! O 1º- Babilónia está ausente, visto o capítulo 8 não ter qualquer relação com o período babilónico. Há um carneiro que representa a Média/Pérsia; há um bode que representa a Grécia; e um chifre pequeno que representa as duas fases de um mesmo Império – o Romano – a saber: 1ª- O Imperial; 2ª A Papal. Por quê, então, a presença só destes 2 animais? Vejamos: - que tipo de animais encontramos em Daniel 7? Na verdade, estes símbolos são animais ferozes que se devoram uns aos outros. Mas, acima destas nações está Cristo que, a Seu tempo, as julgará.
Mas, no que respeita a Daniel 8, a ideia subjacente é o Santuário. Os animais que estavam directamente ligados aos sacrifícios do Santuário eram: 1- o carneiro – para o serviço diário – Êxodo 29.38,39; 2- o bode – para o serviço anual – Levítico 16.8-19. Assim sendo, a ambiência subjacente a Daniel 8 é, efectivamente, a do Santuário. O pano de fundo aqui, já não são as querelas entre as nações, pois Cristo as julgará e lhes retirará o poder, no juízo; mas, aqui o ponto central é que, na verdade, Cristo é o Sumo-sacerdote que nele ministra e o purifica. 4- Daniel 11 e 12 – mostra-nos uma outra face de Jesus Cristo, ou seja, que Ele é o Libertador. O povo de Deus corre perigo pois, a todo o momento, pode desaparecer da Terra. Mas, quando tudo aponta para que tal aconteça, eis que, a dado momento, se “levanta Miguel” – Daniel 12.1. Esta expressão está directamente ligada ao encerramento do Juízo Investigativo ou pré-advento. Na verdade, Daniel 8 e 9 falam do início deste Juízo Investigativo ou pré-advento, enquanto que Daniel 11 e 12 falam, precisamente, do mesmo tema – o encerramento do Juízo Investigativo ou pré-advento.
É precisamente nesta fase, como vimos, que quando se levantar “Miguel, o grande príncipe”, diz o texto, que haverá “(…) haverá um tempo de angústia, qual nunca houve desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro” – Daniel 12.1. Assim, a tónica do texto é mostrar que haverá uma libertação devido à intervenção de Miguel. Portanto, podemos delinear as 4 funções de Jesus Cristo.
Iremos examinar, de seguida, a 2ª fase do Império Romano, ou seja: – Roma Papal – período que se iniciou em 538. Iremos recomeçar, desta vez, a partir do v. 31, onde descreve começa a descrever toda a acção de Roma Papal (2ª fase do rei do norte), ao longo da sua história, ou seja, durante 1260 anos, que correspondem, como sabemos, a um mesmo período, nas suas diferentes nomenclaturas: 1ª- “3 1/2 tempos” - Daniel 7.25; Apocalipse 12.14; 2ª- “mil duzentos e sessenta dias” - Apocalipse 12.6; 3ª- “quarenta e dois meses” - Apocalipse 13.5. Convém não perder de vista o que a estátua de Daniel 2 nos mostra, ou seja, que nos pés desta existe uma estranha amálgama – ferro/barro de oleiro. Esta mistura representa a união da Igreja com o Estado, ou seja, uma mistura ilegítima, na medida em que a Igreja deveria estar com o seu verdadeiro marido – Cristo – e não com o Estado. Assim sendo é, uma união de facto, mas não legítima, pois ela é exterior ao casamento; acção, situação que a Palavra de Deus conhece e define como – adultério – da parte da Igreja, a esposa, por direito de Cristo (II Coríntios 11.2; Efésios 5.25) – cf. Apocalipse 17.1,2.
Abramos um parêntesis para justificar o porquê de considerarmos que a 2ª fase do rei do norte corresponde ao papado:
Quem era, biblicamente falando, o rei do Norte? Este era representado por Babilónia. Vejamos Jeremias 46.2: - “Acerca do rei do Egipto, que estava junto ao rio Eufrates, em Carquemis, ao qual feriu Nabucodonosor, rei de Babilónia (…)”. Aqui fala-se: do rei de Babilónia e do rio Eufrates. E em que direcção ficavam? Leiamos o v.6: - “Não fuja o ligeiro, e não escape o herói para a banda do norte, junto à borda do rio Eufrates (…)”. Este versículo menciona várias coisas: 1ª- o Norte; 2ª- Babilónia; 3ª- o rio Eufrates. Nas incursões militares do rei de Babilónia, em relação à Judeia, estes entravam sempre pelo Norte. Por esta razão, Babilónia está associada ao Norte, assim como o seu rei. Mas, quem será o verdadeiro rei do Norte?
A este propósito iremos ver alguns textos para que nos possam informar acerca deste tema. Vejamos: - (v.1)- “Grande é o Senhor e mui digno de louvor, na cidade do nosso Deus, no seu monte santo. (2)- Formoso de sítio e alegria de toda a terra é o monte de Sião sobre os lados do norte, a cidade do grande Rei” – Salmo 48. O rei do Norte é Cristo. E quem quis ocupar o Seu lugar? Vejamos: - (v.12)- “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste lançada por terra, tu que debilitavas as nações! (13)- E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus; eu exaltarei o meu trono e no monte da congregação eu me assentarei, da banda dos lados do norte” – Isaías 14. Aqui fala-se de Lúcifer. Esta criatura dá-nos a conhecer que subirá “ao céu, acima das estrelas de Deus; eu exaltarei o meu trono (…) eu me assentarei, da banda dos lados do norte”. Claramente manifesta a vontade de usurpar o trono de Deus.
No entanto, apesar de Deus ser o rei do Norte, Satanás usurpou a posição de Deus. No livro do Apocalipse, esta situação é caracterizada por Babilónia – usurpação do lugar de Deus. Desta forma, o falso rei do Norte é Satanás que usou Babilónia, que ficava ao Norte de Israel, para implementar a falsa religião que se estenderia por todo o mundo, “(…) a grande cidade que reina sobre os reis da terra” – Apocalipse 17.18 - e assim levar a cabo a sua obra de engano de âmbito mundial.

Continua

José Carlos Costa, pastor

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