quinta-feira, 28 de março de 2013

Quando o Deus de Amor Castiga


“O amor de Deus é mais abundante que a atmosfera. O ar se eleva em camada sobre a terra até à altura de cinquenta quilómetros, enquanto o amor de Deus atinge o próprio céu e preenche o universo.” J.Wilbur Chapman
"Deus é amor" (1ª João 4:8). Apesar disto, o diabo em rebelião negou este traço do caráter de Deus e O acusou de injusto, argumentando que exigir fidelidade e obediência à Santa Lei era falta de amor. Quando finalmente conseguiu que o ser humano vivesse à margem da lei, ou seja, que vivesse em pecado (1ª São João 3:4), e pelo pecado entrasse a dor (Isaías 24:4-6) e finalmente a morte (Romanos 5:12, 19), conseguiu que Deus fosse acusado de injusto por não acabar com tudo isto. Na cruz, porém, Deus exibiu inquestionavelmente a Sua justiça e a Sua misericórdia. Foi tão justo que não pode tolerar o pecado, pelo que castigou em Cristo, nosso substituto (Isaías 53:6). Ao mesmo tempo expressou tanto amor que "deu Seu Filho unigénito, para que todo o que n´Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (São João 3:16). Sim, na cruz de Cristo "encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se beijaram" (Salmo 85:10).
Satanás, porém, continua infiltrando calúnias contra o caráter de Deus. "Se é bom - dizem alguns - por que castiga e destrói?" "Se é justo - dizem outros - por que permite que o pecado continue?" Mas a Santa Bíblia esclarece ambos os pontos. O Senhor "é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento" (2ª São Pedro 3:9). Ao mesmo tempo diz: "Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso, e arrepende-te" (Apocalipse 3:19). Finalmente, esgotados os recursos que conduzem ao arrependimento, em um ato de misericórdia, e por amor da Sua justiça, Deus terá de fazer a Sua "obra estranha" (Isaías 28:21), destruindo aos que escolheram viver à margem dos princípios que imperarão no reino eterno (porque Deus é tão justo e misericordioso que respeita o livre-arbítrio e terá que permitir que os rebeldes colham as consequências da decisão que fizeram). Podemos falar de dois momentos em que o amor se expressará na estranha linguagem do castigo: antes do milénio e depois do milénio.
 
Antes do Milénio, as Sete Últimas Pragas.
 1. Que duas realidades contrastantes ficarão em evidência ao caírem as pragas preditas no Apocalipse? Apocalipse 16:1-11.
a. Com respeito àqueles que recusaram a graça de Deus (Apocalipse 16:9,11).
"... e  o nome de Deus."
"... E nem se para Lhe darem glória."
b. Com respeito ao caráter de Deus (Apocalipse 16:5-7).
Deus é. Os juízos de Deus são... 
Nota: Desde a entrada do pecado "nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto a anjos, como a homens" (1ª Coríntios 4:9). A cruz de Cristo, a forma como Deus lidou com o drama do pecado e Seu caráter refletido no remanescente fiel acabarão reivindicando o caráter de Deus ante o Universo. Disto resultarão as conclusões corretas às quais se chegará quando caírem as sete últimas pragas.
 2. Sobre quem cairão as sete últimas pragas? Apocalipse 16:1-21.
1. (16:2) “E foi o primeiro, e derramou a sua taça sobre a terra, e fez-se uma chaga má e maligna nos homens que tinham o sinal da besta e que adoravam a sua imagem.”
2. (16:3) “E o segundo anjo derramou a sua taça no mar, que se tornou em sangue como de um morto, e morreu no mar toda a alma vivente.”
3. (16:4-6) “E o terceiro anjo derramou a sua taça nos rios e nas fontes das águas, e se tornaram em sangue. E ouvi o anjo das águas, que dizia: Justo és tu, ó Senhor, que és, e que eras, e santo és, porque julgaste estas coisas. Visto como derramaram o sangue dos santos e dos profetas, também tu lhes deste o sangue a beber; porque disto são merecedores.”
4. (16:8) “E o quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe permitido que abrasasse os homens com fogo.”
5. (16:10) “E o quinto anjo derramou a sua taça sobre o trono da besta, e o seu reino se fez tenebroso; e eles mordiam as suas línguas de dor.”
6. (16:12) E o sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates; e a sua água secou-se, para que se preparasse o caminho dos reis do oriente.
7. (16:19,21) “E a grande cidade fendeu-se em três partes, e as cidades das nações caíram; e da grande Babilónia se lembrou Deus, para lhe dar o cálice do vinho da indignação da sua ira.” …
“E sobre os homens caiu do céu uma grande saraiva, pedras do peso de um talento; e os homens blasfemaram de Deus por causa da praga da saraiva; porque a sua praga era mui grande.”
Nota: As pragas expressam a ira santa de Deus contra aqueles que têm a marca da besta (16:2) e sobre o trono da besta (16:10), o que prepara o caminho para a batalha do Armagedom (16:12) e divide a tríplice aliança do espiritismo, catolicismo e protestantismo apóstata (16:13,14, 19). Estas pragas cairão sucessivamente, mas durante um período curto, pois quando cair a quinta praga os homens ainda estarão sofrendo o efeito da primeira (16:2, 11).
 3. Quem escapará das pragas? Apocalipse 15:2, 3. Veja-se também Apocalipse 7:2, 3 e 9:4.
"... os que saíram vitoriosos da besta, e da sua imagem, e do seu sinal, e do número do seu nome, que estavam junto ao mar de vidro, e tinham as harpas de Deus.."
Nota: Deus é justo e protegerá os que aceitarem o dom de Sua graça, oferecido com todo o amor (Apocalipse 12:11). Os redimidos de Cristo que aceitaram o selo de Deus e recusaram a marca do anticristo não serão castigados com as sete últimas pragas (Salmo 12:7; Isaías 32:18, 19; Salmo 91:10, 11, 15). Os salvos louvarão ao Senhor por Seu livramento (Apocalipse 15:3-6).
Não Haverá outra Oportunidade para o que agora Recusam a GRAÇA
A Santa Bíblia diz que "aos homens está ordenado morrerem uma só vez e, depois disto, o juízo" (Hebreus 9:27). Apocalipse 15:7, 8 diz que quando os sete anjos receberam as "sete taças de ouro, cheias da cólera de Deus", o santuário onde Jesus intercede durante o juízo "se encheu de fumaça, procedente da glória de Deus e do Seu poder, e ninguém podia penetrar no santuário, enquanto não se cumprissem os sete flagelos dos sete anjos", o que nos sugere que então haverá passado o tempo de graça e preparação; já não haverá acesso ao trono da graça.
 4. Que solene anúncio Jesus fará no final do juízo investigativo, demonstrando que haverá um momento em que se fechará a porta da graça e Ele virá à Terra como juiz?
"Quem é injusto, faça injustiça ainda; e quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda.
E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra.” Apocalipse 22:11, 12.
Depois do Milénio, o Lago de Fogo e Enxofre.
Jesus mencionou a São João no Apocalipse, 15 vezes o lago de fogo, a fim de que compreendêssemos que isto constituía uma parte necessária do plano da salvação, para abolir o pecado e preparar um lugar seguro para o remanescente fiel. São Pedro também fala disto ao declarar: "Porque o Senhor sabe livrar da provação os piedosos, e reservar, sob castigo, os injustos para o dia do juízo" (2ª São Pedro 2:9). Quando São Pedro diz que serão castigados no dia do juízo, está destacando que Deus é justo. Não lança ninguém no fogo sem que primeiro haja sido julgado e condenado. Isto coincide com o que diz nosso Senhor Jesus Cristo (São Mateus 13:40-42) e com Apocalipse 20, onde fica claro que o fogo não é agora, mas depois do milénio.
 
 5. Que cairá sobre os seguidores de Satanás quando rodearem a Nova Jerusalém, no final do

sábado, 23 de março de 2013

O Ministério de Babilónia - a Grande Meretriz



O Apocalipse contém o último chamado do Deus de amor para os moradores da Terra (Apocalipse 14:6-14), expõe-nos as artimanhas de Satanás e descreve a organização que ele tem para o cumprir o seu maldoso plano. Nenhum outro livro ostenta um conteúdo de tanta importância como este, para o homem moderno. A sua mensagem é tão crucial e imperativa que Deus pronunciou uma terrível sentença sobre todo aquele que tentar alterar a Sua mensagem: “Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; E, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro.” (Apocalipse 22:18, 19).

Uma das tremendas revelações que Deus nos faz neste livro é a respeito do que Ele chama o mistério de Babilónia, a grande meretriz, e de como o conteúdo dessa mensagem pode afetar a nossa salvação. Vamos analisá-lo neste estudo.
Babilónia, Símbolo de Apostasia Espiritual.  
1. Que tragédia deixa a descoberto a proclamação das três mensagens angélicas?
Rª: “E outro anjo seguiu, dizendo: Caiu, caiu Babilónia, aquela grande cidade, que a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição.” Apocalipse 14:8.
Nota: Aqui fala de uma babilónia mística ou simbólica, pois a literal já havia sido destruída nos tempos do Antigo Testamento e Isaías 13:19-21 declara que nunca mais seria habitada. É interessante notar que a Bíblia de Jerusalém (tradução católica com imprimatur), comentando Apocalipse 17:5 diz que "Babilónia é o nome simbólico de Roma". Devido ao sentido eminentemente religioso da mensagem dos três anjos, devemos interpretar esta caída como espiritual ou religiosa. O comentário da Bíblia de Jerusalém diz que Roma arrastou todas as nações à idolatria.
 2. Demonstra a ordem vinda da parte de Deus aos sinceros tem sonância de gravidade?
Rª: “ E clamou fortemente com grande voz, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilónia, e se tornou morada de demónios, e covil de todo espírito imundo, e esconderijo de toda ave imunda e odiável. Porque todas as nações beberam do vinho da ira da sua prostituição, e os reis da terra se prostituíram com ela; e os mercadores da terra se enriqueceram com a abundância de suas delícias. E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas.” Apocalipse 18:2-4.
Nota: Esta solene declaração divina demonstra que há pessoas bem-intencionadas dentro de Babilónia, os quais demonstrarão sua sinceridade obedecendo à ordem de Deus de sair dela.
Tenha em atenção a figura religiosa usada para Babilónia mística.
3. Sob que outra figura de degradação Deus apresenta a igreja caída? Apocalipse 17:1-5.
R: "... grande  ..." ( Apocalipse 17:1 ).
"... vi uma  montada numa  escarlate, repleta de nomes de  com  e  " ( Apocalipse 17:3 ).
"Na sua fronte achava-se escrito um nome, mistério: a mãe das  ..." ( Apocalipse 17:5 ).
 
Nota: Assim como em Apocalipse 12 uma mulher pura é símbolo adequado da igreja fiel, aqui aparece uma meretriz como símbolo de uma igreja que se prostituiu; que teve uma queda doutrinária. A Bíblia de Jerusalém comenta que a prostituição é o símbolo da idolatria. Um antecedente bíblico ajuda a entender este ponto de vista, encontramo-lo em Ezequiel 16:15: "confiaste na tua formosura, e te entregaste à lascívia, graças à tua fama; e te ofereceste a todo o que passava para seres dele". Outro exemplo: "com seus idolos adulteraram... ainda isto Me fizeram... profanaram os Meus sábados" ( Ezequiel 23:37, 38 ).
 4. Onde a igreja caída teria a sua sede? Apocalipse 17:3, 4, 7, 9, 15.
Rª "... montada numa  ... que tinha  e dez ."
"As sete cabeças são sete nos quais a mulher está sentada."
"... As águas que viste onde a meretriz está assentada, são    e  ."
 
Nota: "As sete cabeças são as sete colinas de Roma" (Comentário da Bíblia de Jerusalém, Apocalipse 17:3). A besta (Roma) leva sentada sobre si uma igreja prostituída, o que dá a entender claramente

terça-feira, 19 de março de 2013

Quem Habitará na Santa Cidade

 
Tentar imaginar o que será habitar na Nova Jerusalém é um verdadeiro desafio à imaginação. Mas essa cidade é real. Nosso Senhor Jesus Cristo prometeu um lugar para cada crente fiel quando disse: "Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em Mim. Na casa de Meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, Eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E quando Eu for, e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para Mim mesmo, para que onde Eu estou estejais vós também" ( São João 14:1-3 ).
São Paulo, que teve várias visões (II Coríntios 12:1-5), também diz: "Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que O amam" ( I Coríntios 2:9 ). Só o fato de pensar que "nela nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica a abominação e mentira" (Apocalipse 21:27) já fala de um ambiente pelo qual ansiamos, embora nos pareça incomum.
Muitos não terão direito a entrar na Santa Cidade.
1. Quem não poderá entrar na Santa Cidade? Apocalipse 13:1, 8; 14:9, 10; 20:15;
Rª: “E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” Apocalipse 13:8.
 2. Quem mais é mencionado como desqualificado para entrar na Santa Cidade?
Rª: “Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte.” Apocalipse 21:8 (Apoc. 22:15; I Coríntios 6:9-11.)
Nota 1: Nestes versículos são enumerados aqueles que não renunciaram ao pecado em suas diversas formas.
Quem terá acesso à Santa Cidade.
Nota 2: São João viu que na Santa cidade estava a árvore da vida ( Apocalipse 22:1,2 ). Também lhe foi mostrado que o Senhor fará dessa cidade a Sua morada ( Apocalipse 22:3 ) e que "lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram" ( Apocalipse 21:4 ). Outras emocionantes descrições das condições da vida eterna planejadas por nosso bom Deus encontramos em II São Pedro 3:13; Isaías 65:17, 21, 22, 25; 35:1, 5, 6; 11:6; 33:24; 60:18 ).
 3. Segundo a revelação bíblica, quem entrará na Santa Cidade de Deus?
Rª: “Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas.” Apocalipse 22:14
(cf. Apocalipse 7:14; 15:2; 2:7; 2:10).
 4. Que outros requisitos são apresentados por nosso Senhor Jesus Cristo àqueles que desejam entrar no reino dos Céus? São João 3:3, 5; São Marcos 16:15, 16.
Rª: “Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” João 3:3
 “Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.” João 3:5
Nota: Nascer do Espírito se refere à conversão operada por Cristo por meio do Espírito Santo quando nos entregamos a Ele; a mudança de vida, assim como é descrita em Colossenses 3, Efésios 4:22-32; 5:1-20 e tantas outras boas passagens das Santas Escrituras. Mas sobretudo, a transformação operada por Cristo, que nos dá forças (Filipenses 4:13) para viver a ética cristã expressa nos dez mandamentos (Apocalipse 14:12).
Nascer da água se refere ao santo batismo, assim como nosso Senhor Jesus Cristo foi batizado por São João Batista no rio Jordão. Foi estabelecido por nosso Senhor ( São Mateus 28:18-19 ) e só tem validade quando é administrado como a Santa Bíblia ordena ( Efésios 4:5 ).
O verdadeiro baptismo está apresentado na Bíblia
 5. Que requisitos prévios ao batismo demonstram que deve administrar-se a pessoas conscientes e não a bebés?
Rª:
a. São Marcos 16:16 “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.”

quinta-feira, 14 de março de 2013

As Duas Testemunhas de Luto e a Mensagem dos Três Anjos


Desde que Satanás se rebelou contra Deus, iniciando o grande conflito cósmico, todas as vontades começaram a polarizar-se em torno de uma das duas forças: a força do bem, centralizada no Deus de amor, ou a força do mal, encabeçada por Satanás e seus anjos rebeldes. A revelação divina mostra que não há terreno neutro; ou estamos com Deus e Sua verdade ou nos alistamos do lado do maligno com os erros que tem semeado. Neste esboço de análise veremos outros aspectos dessas duas grandes forças que estão em ação no planeta Terra, ilustrados no Apocalipse 11.
AS DUAS TESTEMUNHAS DE DEUS
 1. Quais são as duas testemunhas de Deus que estiveram de luto durante os 1.260 dias proféticos de perseguição ao anticristo?
Rª: “E darei poder às minhas duas testemunhas, e profetizarão por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de saco. Estas são as duas oliveiras e os dois castiçais que estão diante do Deus da terra.” Apocalipse 11:3, 4.
Nota: As duas oliveiras e os dois candeeiros se referem à mesma coisa e no contexto dos 1.260 dias devem ser identificados como o Velho e o Novo Testamentos, revelados pelo Espirito Santo (São João 14:26; 15:26; 16:13-15; I Pedro 1:21).
Nosso Senhor Jesus Cristo disse que as Escrituras dão testemunho d´Ele (São João 5:39) e David declarou que a Palavra de Deus é uma lâmpada que ilumina o caminho (Salmo 119:105).
O período de perseguição de 42 meses, ou 1.260 dias proféticos (anos literais), que vai desde o Édito de Justiniano (538) até que Berthier, general napolitano, o aboliu (1798), já foi estudado. Durante esta época, apesar de brutalmente perseguidos, o Velho e o Novo Testamentos continuaram a dar testemunho do amor e da verdade de Deus. Nos versículos 5 e 6 do capítulo 11 declara-se que aqueles que interferem com estas testemunhas (a Palavra de Deus) ou as atacam devem morrer. A mesma admoestação é dada no cap. 22:18, 19. Também se destaca o poder da Palavra de Deus quando usada legitimamente, e são mencionados milagres realizados por Elias e Moisés, que usaram sincera e fielmente a Palavra de Deus.
 2. Depois de as testemunhas continuarem testificando em meio a um obscuro período de perseguição, que faria contra elas a besta que sobe do abismo?
Rª: " E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos." Apocalipse 11:7.
Nota: A besta que sobe do abismo é Satanás (Apocalipse 20:1-3) e também simboliza os remos do mundo que estão sob seu domínio. Em Apocalipse 11:8, 9 aparecem Sodoma e Egito para destruir as testemunhas de Deus, pois como nações inimigas do povo de Deus no passado, servem como símbolo eloquente.
 3. Por quanto tempo permaneceram sem vida as testemunhas?
Rª: " E depois daqueles três dias e meio o espírito de vida, vindo de Deus, entrou neles; e puseram-se sobre seus pés, e caiu grande temor sobre os que os viram. E ouviram uma grande voz do céu, que lhes dizia: Subi para aqui. E subiram ao céu em uma nuvem; e os seus inimigos os viram." Apocalipse 11:11, 12.
Nota: Como a Bíblia o desmascara, Satanás procura silenciar o testemunho, quer mantendo-a oculta quer destruindo-a. Se aplicamos a estes três dias e meio ao princípio bíblico de um dia por um ano (Ezequiel 4:6), chegaremos à conclusão de que o testemunho bíblico reviveria três anos e meio depois de ter sido aniquilado. Esta profecia cumpriu-se de um modo muito preciso e surpreendente na história da França. Os três anos e meio foram exatamente o Reinado do Terror da Revolução Francesa. Esse período começou a 26 de novembro de 1793 quando a França, por decreto da assembleia legislativa, declarou que não há Deus, o que foi motivo de regozijo para todos os seus habitantes, e durou até 17 de junho de 1797, quando o governo francês anulou o decreto e outra vez se permitiu a prática da religião em França. Durante este tempo a Bíblia foi queimada e abolida em França, foi "morta". Todas as igrejas foram fechadas e proibiu-se a adoração de Deus por decreto da assembleia, que era o corpo legislativo da França. Também se decidiu que a semana seria de dez dias. O dia de descanso foi abandonado e em seu lugar se consagrava um dia em cada dez para a orgia e blasfémia. Negou-se abertamente a existência de Deus. Uma mulher prostituta foi nomeada a deusa da razão, e as pessoas foram exortadas a adorá-la. Ficou proibido todo tipo de culto religioso. Tudo isto durou exatamente três anos e meio, como o disse a profecia. Porém, o testemunho bíblico não só ressuscitaria, mas se elevaria e sua fama subiria ao Céu. Em 1804 e 1816 foram organizadas as primeiras e maiores sociedades bíblicas e o livro de Deus inundou o planeta, constituindo-se no livro mais difundido de toda a história da humanidade.
 4. Que aconteceu ao ocorrer um grande terremoto (símbolo de poder e intervenção divina)?
Rª: " E naquela mesma hora houve um grande terremoto, e caiu a décima parte da cidade, e no terremoto foram mortos sete mil homens; e os demais ficaram muito atemorizados, e deram glória ao Deus do céu.” Apocalipse 11:13.
 
Nota: Este terremoto não é o do final da História, porque ruiu apenas a décima parte da cidade. Deve ser entendido como o derramamento de um juízo parcial de Deus para conduzir os homens ao respeito da Sua Palavra. Alguns crêem que a cidade mencionada aqui é símbolo da França; outros, que representa o papado, o qual era apoiado pelos dez reis ou nações (Apocalipse 17:18, 12,13). O terremoto seria o aprisionamento do papa em 1798. A França é um destes dez reis e seria a décima parte que caiu por um curto tempo; que se levantou contra toda manifestação religiosa. As 7.000 pessoas que morreram poderiam ser entendidas como a realeza que perdeu seus títulos de nobreza e foram mortos. Isto despertou terror a princípio, e os levou mais tarde a glorificar a Deus quando voltaram a aceitar a Bíblia e a religião.
A Origem do Ateísmo.
A influência do ateísmo que começou nos dias da Primeira República da França se espalhou para o norte e oriente, estendendo-se até a Rússia. A revolução russa de 1917 se constituiu em parte em um ataque contra a religião, uma vez que favorecia o ateísmo. Esse vírus ateu se espalhou através de todo o mundo, ganhando adeptos, infiltrando-se inclusive nos currículos educativos e sob um disfarce científico pretende desafiar a auto-revelação de Deus na Bíblia. O ateísmo já envolveu a terça parte do mundo e continua crescendo.
 
OS TRES ANJOS DO APOCALIPSE QUE REIVINDICAM A HONRA DE DEUS
Encontramos em Apocalipse 14, três pontos importantes da mensagem que o remanescente fiel deve proclamar, por ter sido chamado a reivindicar o caráter de Deus.
 5. Qual a difusão que receberia o evangelho eterno?
Rª: “E vi outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o evangelho eterno, para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda a nação, e tribo, e língua, e povo.” Apocalipse 14:6.
Nota: Ninguém tem o direito de modificar as doutrinas bíblicas nem de pregar ideias próprias acerca da religião. O que se deve pregar é o evangelho eterno, a revelação de Deus tal como se encontra na Santa Bíblia. Por isso há  terrível advertência de Deus que se encontra em Apocalipse 22:18, 19.
 6. Qual é a primeira parte da mensagem especial de Deus para nosso tempo?
Rª: “Dizendo com grande voz: Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é vinda a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.” Apocalipse 14:7.
Nota: Esta mensagem é o oposto da teoria da evolução, pois exige a adoração a Deus nos termos do mandamento do sábado (Êxodo 20:8-11) e adquire grande solenidade na época do juízo que João viu em progresso no santuário do Céu.
 7. Qual é a segunda parte da mensagem dos três anjos? Apocalipse 14:8.
Rª: “E outro anjo seguiu, dizendo: Caiu, caiu Babilónia, aquela grande cidade, que a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição.”
Nota: A mensagem do segundo anjo denuncia a apostasia e se complementa com a dramática advertência de Apocalipse 18, onde Deus diz a Seu povo que deve sair das igrejas doutrinariamente equivocadas a fim de não ser cúmplice nos seus pecados nem participar de seus flagelos (Apocalipse 18:4).
 8. Qual a tremenda admoestação que Deus proclama por meio da mensagem do terceiro anjo?
Rª: “E seguiu-os o terceiro anjo, dizendo com grande voz: Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na sua mão, também este beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro. E a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso nem de dia nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e aquele que receber o sinal do seu nome.” Apocalipse 14:9-11.
Nota: A revelação divina é impressionantemente clara e nos adverte que, se não abandonarmos o erro e a rebelião, sofreremos as pragas e estaremos irremediavelmente perdidos.
O POVO DE DEUS NA PROFECIA
 9. Ao sair de Babilónia, com quem devem unir-se os sinceros?
Rª: “Aqui está a paciência (perseverança) dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.” Apocalipse 14:12.
Nota: É impossível permanecer imparcial no grande conflito entre Cristo e Satanás. Por isso Deus revela amorosamente o que o homem não poderia ver na luta entre o bem e o mal e misericordiosamente (porque deseja nossa salvação) exige uma decisão.
 
 10. Que sucederá quando terminar a pregação da mensagem dos três anjos? Apocalipse 14:14-16.
Rª: “E olhei, e eis uma nuvem branca, e assentado sobre a nuvem um semelhante ao Filho do homem, que tinha sobre a sua cabeça uma coroa de ouro, e na sua mão uma foice aguda. E outro anjo saiu do templo, clamando com grande voz ao que estava assentado sobre a nuvem: Lança a tua foice, e sega; a hora de segar te é vinda, porque já a seara da terra está madura. E aquele que estava assentado sobre a nuvem meteu a sua foice à terra, e a terra foi segada.”
Nota: São Mateus 24:14 diz que Jesus declarou: "E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então virá o fim." São Marcos 16:15, 16 diz: "E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado."
Conclusão: Não me parece difícil depois deste estudo de descortinar o caminho certo. No entanto, se alguma dúvida persiste, leia Apocalipse 14:12, outra vez! E o Espírito lhe dirá!
Deus vos abençoe em Cristo.

 

José Carlos Costa, pastor

segunda-feira, 11 de março de 2013

O Soar da Sétima Trombeta


Jesus nos oferece, na revelação do Apocalipse, uma visão profética tridimensional do que finalmente chegaria a ser a história desde os dias apostólicos até ao tempo do fim: 1) as sete igrejas, 2) os sete Selos, e 3) as sete trombetas. A profecia das sete igrejas revela a história religiosa da era cristã, salientando as suas faltas e prometendo o galardão aos vencedores. Nessa profecia Deus destaca o Seu interesse e amor por Seu povo. Os sete selos profetizam a história social da era cristã, expondo especialmente o triste processo da apostasia. Também se apresenta a Deus como Aquele que controla a História e nesse sentido dará fim à dor e ao sofrimento. As sete trombetas pintam a história militar que ocorreria na era cristã em relação com a igreja.
AS SEIS PRIMEIRAS TROMBETAS
As primeiras quatro trombetas (Apocalipse 8:6-13) mostram a desintegração do império romano (tanto do oriente como do ocidente), fustigado pelas tribos bárbaras, as quais prepararam caminho para Roma papal. Tanto Daniel como o Apocalipse profetizam que este poder religioso perseguiria durante 1.260 anos os que cressem na Bíblia.
A quinta e a sexta trombetas (Apocalipse 9:1-21) descrevem a investida das tribos maometanas e ou os movimentos filosóficos sociais e teológicos e humanista sob o comando de vários líderes, constituindo-se num outro poder que lutaria contra o cristianismo.
A SÉTIMA TROMBETA
A sétima trombeta apresenta o tempo do fim quando o remanescente fiel proclamaria o evangelho eterno e a mensagem dos três anjos a todo o mundo.
 1. Que eventos sucederiam no tempo da sétima trombeta? Apocalipse 11:15-19.
a. “... Os reinos do mundo vieram a ser de nosso SENHOR e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre.” (11-15)"
b. “E iraram-se as nações, e veio a tua ira, …”(11:18)
c. "... e o tempo dos mortos, para que sejam julgados, e o tempo de dares o galardão aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra.”
d. "Abriu-se, então, o santuário de Deus, que se acha no Céu, e foi vista a arca da aliança no Seu santuário" (11:19).
Nota: As palavras de São João no sentido de que "abriu-se... o santuário de Deus, que se acha no Céu, e foi vista a arca da aliança no Seu santuário", descrevem o lugar santíssimo, pois era ali que a arca estava. Foi ali que Jesus entrou ao se cumprirem os 2.300 dias, em 1844, o que nos permite entender que a partir dessa época entramos no período da sétima trombeta. Quando Cristo sair do lugar santíssimo, terão terminado o juízo investigativo, a sua obra mediadora e o tempo da graça, e terão lugar as bodas do Cordeiro. Em realidade, o Apocalipse fala de duas ceias: uma é a grande ceia de Deus, que se refere ao castigo dos impios, e a outra é a ceia do Cordeiro, que se refere à recompensa dos fiéis.
 2. Que conotação tem a grande ceia das aves, convocada por Deus, para os que recusaram a graça salvadora de Cristo? Apocalipse 19:11-21.
Nota: Esta "ceia das aves" afeta o mesmo grupo descrito em Apocalipse 6:15-17 , o qual não pode resistir à presença do Senhor por não haver aceito a salvação em Cristo e consequentemente não haver-se preparado para recebê-Lo. No final do milénio, serão destruídos definitivamente pela segunda morte ( Apocalipse 20:9 e 14 ).
AS BODAS DO CORDEIRO
Roy Allan Anderson, no seu livro "O Apocalipse Revelado", diz que nos ajudará muito na compreensão desta figura profética o termos algumas noções de como eram as bodas ou casamentos orientais. Normalmente havia cinco momentos importantes: 1) O compromisso matrimonial, que tinha muito mais seriedade do que tem hoje no Ocidente; 2) o pagamento do dote matrimonial; 3) o período de preparação pessoal da noiva para as bodas, durante o qual o noivo preparava o lar; 4) a cerimónia das bodas, que não se realizava na igreja, como o fazemos hoje. Consistia numa cerimónia simples, quando o noivo dava o seu reconhecimento público do pedido de casamento, punha a sua capa nos ombros da noiva, enquanto o cortejo se encaminhava para o lugar da festa; 5) a festa, normalmente na casa do pai do noivo.
 3. Quem é a noiva com quem o Cordeiro Se casará? Apocalipse 21:9, 10; 19:7, 8; 21:1, 2.
Apoc. 21:1,2  “E VI um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. E eu, João, vi a santa cidade, a nova (noiva) Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido.”
Nota: A Nova Jerusalém, símbolo do remanescente fiel, é a esposa de Cristo. A referência aqui não é ao edifício da igreja, pois Apocalipse 19:7, 8 fala de pessoas justificadas pelo Senhor e que vivem em harmonia com a vontade de Deus.
 4. Quando se manifestou o interesse de Cristo por Sua igreja? Efésios 1:4.
"Assim como nos escolheu nEle  da  do  para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele."
 5. Quando se concretizou o compromisso matrimonial? Oseias 2:19; Gálatas 4:4.
Quando "Deus enviou Seu Filho...."
Nota: Em Cristo fomos escolhidos desde a eternidade. Durante os tempos do Velho Testamento as bodas foram anunciadas. Mas foi quando Jesus Se encarnou que se concretizou o compromisso da parte do Senhor.
 6. Qual foi o dote que nosso Senhor Jesus Cristo pagou para ter o direito de receber Sua igreja como esposa? I São Pedro 1:18, 19; Apocalipse 1:5.
"... Mas pelo, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de..."
Nota: Ao morrer na cruz, Jesus pagou o dote.
 7. Que faria o Senhor durante o período de preparação de Sua esposa (a igreja)? São João 14:1-3.
Foi preparar na casa de Seu  Pai...
 8. Que inclui a preparação da igreja para o encontro com Cristo, o esposo? Apocalipse 19:7, 8.
a. Romanos 3: 24  “Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.”
b. Romanos 3:21  “Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas;”
Nota: A fé não anula a Lei de Deus.
c. Apocalipse 19:7  Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou.
 
 
 9. Antes de deixar as cortes de glória, depois de terminada a intercessão, Jesus Se apresenta ante o Pai e recebe o domínio, a glória e o reino ( Daniel 7:13, 14 ). Que anúncio se fará então?
"Alegremo-nos, exultemos, e demos-Lhe glória, porque são chegadas as  do  , cuja esposa  ." Apocalipse 19:7.
Nota: Os primeiros oito versículos do cap. 19 de Apocalipse transcrevem um gozo sublime e uma alegria espetacular com aleluias e louvores ao Cordeiro, que venceu e recuperou todos os poderes usurpados pelo inimigo; acabou com as artimanhas e instrumentos de Satanás e, havendo reivindicado a Deus perante o Universo, vem ao encontro de Sua igreja, com quem haverá de unir-Se para sempre. Então nos levará à casa do Pai, onde terá lugar a grande ceia das bodas do Cordeiro. Sem dúvida será a maior e mais emocionante festa havida no Universo. Pensando neste dia Jesus declarou: "E digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber, novo, no reino de Meu Pai" (São Mateus 26:29).
OS BEM-AVENTURADOS
 10. De acordo com a revelação de Deus, quem são os bem-aventurados? Apocalipse 19:9; 22:17, 20, 21.
"... Bem-aventurados aqueles que  à  das  ."
"O Espírito e a noiva dizem:  . Aquele que ouve diga:  . Aquele que tem sede,  , e quem quiser  a  ."
Conclusão: Atos 2:41, 47 diz:
"Então os que lhe aceitaram a palavra foram  ; havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas... louvando a Deus, e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso,  o Senhor, dia a dia, os que iam sendo  ."
MINHA DECISÃO - Desejo ser fiel a Jesus e tomar a decisão de fazer parte do povo que é chamado de NOIVA. Diga SIM no seu coração se essa for a sua decisção.

terça-feira, 5 de março de 2013

A ESPERANÇA APOCALÍPTICA DOS JUDEUS DO Iº SÉCULO


O Apocalipse de João está em marcado contraste com os vários escritos apocalípticos judeus que estiveram em atualidade no primeiro século de nossa era. Desde que o general romano Pompeu invadiu a Palestina em 63 a.C. e sujeitou a nação judia ao governo romano, intensificou-se a esperança judia num Messias prometido. A maioria dos judeus esperava a vinda de um Rei-Messias poderoso, da casa de Davi, quem mataria o dragão romano com o seu poder militar ajudado pelo poder divino. Então o Messias restauraria a nação do Israel à suprema grandeza política como o reino messiânico sobre a terra.
Esta esperança apocalíptica era vibrante entre os fariseus. Pode demonstrar-se pelos denominados Salmos de Salomão, um documento farisaico escrito pouco depois da morte do general Pompeu no 48 a.C.
"Olha-o Senhor, e lhes suscite um rei o filho de Davi, no momento que tu escolhas, oh Deus, para que reine em Israel teu servo.
Rodeia-o de força para quebrantar aos príncipes injustos, para purificar a Jerusalém dos gentios que a pisoteiam destruindo-a; expulsa em sabedoria e justiça aos pecadores da herança; para despedaçar a arrogância dos pecadores semelhante a um cântaro de oleiro; para quebrantar toda sua solidez com uma vara de ferro; para destruir as nações ilícitas com a palavra de tua boca; a sua advertência as nações fugirão de sua presença; e condenará aos pecadores pelos pensamentos de seus
corações".[1]
O Testamento do Moisés, um hino escrito pelos essénios ou pelos fariseus antes da queda de Jerusalém no 70 D.C., também expressava o desejo premente do pronto advento do reino de Deus:
"Pois o Altíssimo Deus eterno se elevará sozinho, aparecerá para tomar vingança das nações e destruirá todos os seus ídolos.
Então, tu, Israel, serás feliz.
Montarás sobre pescoço e asas de águia.
Sim, todas as coisas se cumprirão". [2]
No Quarto livro do Esdras, conhecido também como o Apocalipse de Esdras, um documento escrito depois da queda de Jerusalém no 70 D.C., lemos que o Messias viria para liberar à remanescente do Israel da tirania de Roma e para estabelecer o reino messiânico por 400 anos (cap. 12).[3]
A esperança dominante no Israel era a da libertação política, similar à forma como Deus os tinha libertado do Egito. Só que esta vez a expectativa era por uma redenção permanente dos males da história. A partida dos zelotes [fanáticos] tinha uma febre apocalíptica tal, que apoiou uma guerra de guerrilhas contra Roma na segurança de que Deus destruiria os opressores do Israel e criaria um mundo no qual Satanás e a dor não existiriam mais.
Josefo, o historiador judeu do primeiro século, ordem que um certo Judas, galileu, originou um levantamento a princípios do século I. Sua filosofia era que o povo de Deus devia reconhecer só a Deus como seu soberano e Senhor, e recusar-se a pagar impostos a um amo pagão.4 O Novo Testamento registra que essa rebelião chegou a um fim desventurado (At. 5:37).
Entre os rolos do Mar Morto, descobertos nas cavernas de Qumran, encontrou-se um denominado Regra de guerra (QM), escrito a começos da era cristã. Descreve um plano de batalha para que os pactuantes de Qumran travem a última guerra santa contra Roma (Quitim) e Belial. A esperança era de novo que Deus interviria com seu santos anjos e daria ao fiel remanescente de Israel uma vitória eterna por meio de um desdobramento do poder do Miguel como o guerreiro divino.[5]
 
Esta esperança política de um futuro mais brilhante alcançou um tom tão febril no século I, que conduziu ao levantamento judeu contra Roma nos anos 66-72 e no 132. Em ambas as ocasiões os judeus começaram uma guerra militar contra o Império Romano confiando em que Deus os vindicaria com uma vitória sobrenatural.
 
Salomão Schechter resume com quatro características os elementos essenciais da esperança apocalíptica no primeiro século: (1) o Messias, da casa de Davi, restaurará o reino do Israel e estenderá seu governo sobre toda a terra; (2) os inimigos de Deus lançarão um ataque maciço contra Israel, no qual o Messias destruirá a todos seus oponentes pagãos; (3) todas as nações sobreviventes aceitarão o Deus de Israel, reconhecerão seu reino e procurarão a instrução de seu Torah (lei); e (4) a era do reinado messiânico será uma era de prosperidade material e sorte espiritual; até a morte seria abolida por meio da ressurreição dos justos mortos. Este reino do Messias era, de acordo com algumas fontes, uma preparação para o tempo quando Deus mesmo reinaria.[6]
Infelizmente, os judeus estavam tão dominados por seu ódio para Roma que enfatizaram unilateralmente a missão da vinda do Messias como o libertador do jugo romano e o restaurador do reino nacional a Israel. Por esta razão, os rabinos estudaram as profecias messiânicas das Escrituras Hebraicas com uma mente preconcebidas que lhes impediu de ver a revelação da plenitude da missão do Messias para salvar do pecado a todos os homens. Esperando um Messias político só para sua própria nação, passaram por cima das profecias e dos tipos que prediziam a morte expiatória do Messias em sua primeira vinda. Interpretando a profecia para encontrar evidências com o fim de sustentar sua ambição nacional, os judeus se prepararam para rechaçar o Salvador do mundo. Quando Cristo veio em uma maneira contrária a suas expectativas, ficaram completamente desapontados e não o receberam.
Cristo tratou de lhes mostrar que tinham interpretado mal a promessa de Deus de conceder favor eterno a Israel. Tinham chegado a considerar sua descendência natural de Abraão como uma pretensão para essa promessa (João 8:33-40). Na verdade, em seu orgulho racial, os dirigentes judeus passaram por cima das condições prévias que Deus tinha especificado. O favor de Deus estava assegurado só a um Israel espiritual e em cujos corações ele tinha escrito sua lei: "Darei minha lei em sua mente, e a escreverei em seu coração; e eu serei a eles por Deus, e eles me serão por povo... Porque todos me conhecerão, do mais pequeno deles até o maior, diz o Senhor" (Jer. 31:31-34).
As promessas divinas de salvação e bênção para o mundo estavam asseguradas a um Israel regenerado como o verdadeiro povo do pacto. O povo espiritual de Deus são constituídos pelos que estão "circuncidados" em seus corações (ver Deut. 10:16; 30:6; Jer. 4:4). Um povo assim não reclamará as promessas de Deus e renderá um serviço exterior a Deus meramente pelo puro prazer de alcançar grandeza nacional. O essencial da Bíblia Hebraica não é o Israel, e sim o Messias de Israel! As profecias messiânicas constituem o coração tanto da Escritura como dos sagrados serviços do santuário no Israel. Muitos rabinos e fariseus chegaram a acreditar que por meio de um conhecimento da Escritura e uma conformidade exterior a ela, possuíam vida eterna. A Mishná ensina: "Grande é a lei, porque lhe dá vida aos que a praticam tanto neste mundo como no vindouro".7 Mas Jesus assinalou uma falta fundamental de visão: "Vós perscrutais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; ora, são elas que dão testemunho de mim; vós, porém, não quereis vir a mim para terdes a vida" (João 5:39, 40, BJ).
A vida está centrada no Messias, o Filho de Deus, e não na Escritura. Jesus afirmou: "As palavras que eu lhes falei são espírito e são vida" (João 6:63). Ao perder de vista a Cristo como o coração vivente das Escrituras, os judeus já não entenderam mais o significado espiritual do serviço ritual em seu templo. Começaram a confiar nos mesmos sacrifícios e cerimónias em vez de contemplá-lo a ele, a quem assinalavam os sacrifícios. De modo que perderam o significado espiritual de sua adoração no templo. Aferrando-se a fórmulas mortas, esses rituais chegaram a ser um mistério inexplicável.
Até as restrições rabínicas quanto à observância do sábado revelam que os judeus já não percebiam que no sábado havia uma promessa divina do descanso messiânico. Os dirigentes judeus interpretaram mal o ato do Jesus ao curar milagrosamente a um paralítico no sábado como a evidência de uma atitude contra na sábado (João 5:16-18). Entretanto, o oposto era verdade. Jesus ensinou que as obras de misericórdia não só estavam permitidas, mas também eram obrigatórias no sábado para que as fizesse o Messias, e em perfeita harmonia com a vontade do Pai celestial. "Meu Pai, até o presente, continua trabalhando e eu também trabalho" (João 5:17, NBE). O erudito evangélico Leão Morris o explica desta maneira: "Ele [Jesus] não estava dizendo que não devia guardar-se o sábado... Estava dizendo que seus críticos não entendiam o que significava na sábado e por que tinha sido instituído".[8]
 
Não surpreende que Jesus censurasse os judeus por sua falta de percepção espiritual, por não discernir quem era ele, o Enviado ao Israel pelo Pai. E desafiou-os perguntando: "Não vos deu Moisés a lei? Contudo, ninguém dentre vós a observa. Por que procurais matar-me?...  Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça" (João 7:19, 24). Enquanto desejavam a vinda do Messias, os judeus já não tinham o verdadeiro conceito de sua missão divina como Redentor do pecado e de Satanás.
Cristo lhes disse: "Todo o que comete pecado é escravo do pecado... Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (João 8:34, 36), mas eles afirmaram que eram livres porque, disseram, "jamais fomos escravos de ninguém" (v. 33). Não compreenderam o significado espiritual do pecado ou o significado da natureza da dignidade real de Cristo. O Messias devia vir como o verdadeiro intérprete dos profetas de Israel. Devia definir os princípios do reino e o plano de redenção. Isso foi o que fez Cristo, e seus ensinos estão registrados nos Evangelhos, os quais formam a chave essencial para entender corretamente o Antigo Testamento. Também formam a ponte teológica entre as profecias do Antigo Testamento e o livro do Apocalipse. Portanto, antes de podermos entender corretamente o último livro da Bíblia, é indispensável descobrir primeiro como Jesus interpretou a perspectiva profética dos profetas clássicos e o livro do Daniel.
Hans K. LaRondelle
Referências
1. "Salmos de Salomão", 17:21-25, citado em J. H. Charlesworth, The Old Testament Pseudepigrapha, T. 2, p. 667.
2. "Testamento de Moisés", 10:7, 8, chamado em G. Aranda Pérez, F. García Martínez e M. Pérez Fernández, Literatura judía intertestamentaria (Estella, Navarra: Verbo Divino, 1996), p. 301.
3. "O Messias que o Altíssimo reservou para o final dos tempos: Ele surgirá da estirpe de Davi " (Ibid., p. 329).
4. Flavio Josefo, Obras completas de Flavio Josefo: Antigüedades judías (Buenos Aires: Acervo Cultural, 1961), XVIII, 1, 1-6 (t. 3, pp. 225-228); La guerra de los judíos, 11, 8 (t. 4, pp. 136-142).
5. 1 QM 6; 12-14.
6. Schechter, Salomão, Aspects of Rabbinic Theology (Nova York: Schocken Books, 1961), p. 102.
7. Abot [Pais] 6: 7.
8 Leão Morris, Reflections on the Gospel of John (Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1987), T. 2, pp. 265, 266.

sexta-feira, 1 de março de 2013

A PROFECIA CLÁSSICA E A PROFECIA APOCALÍPTICA


Os profetas do Antigo Testamento tais como Amós, Isaías, Sofonias, Ezequiel e Jeremias são chamados profetas clássicos. Suas mensagens foram em primeiro lugar pronunciados em voz alta, seja ao reino rebelde do Israel no norte (as 10 tribos) ou à apóstata Jerusalém e Judá (as 2 tribos). Com frequência suas mensagens foram um clamor em favor da justiça social, económica e política para as classes oprimidas. Os profetas convocaram Israel e Judá para que voltassem para a torah ou lei do pacto do Moisés, e para que servissem a Deus com arrependimento verdadeiro. Se os líderes políticos e religiosos do povo eleito originavam justiça social e uma renovação da adoração, o reino de Deus viria sobre a terra em sua história futura. Em realidade, o "dia do Senhor", ou o "dia do Jeová", não viria como Israel o tinha antecipado popularmente.
 
Profecia Clássica
Amós: Este profeta, como porta-voz de Deus, pronunciou em forma de tremenda exortação às 10 tribos:
 
"Ai de vós que desejais o Dia do Senhor! Para que desejais vós o Dia do Senhor? É dia de trevas e não de luz...Não será, pois, o Dia do Senhor trevas e não luz? Não será completa escuridão, sem nenhuma claridade?
 
"Por isso, vos desterrarei para além de Damasco, diz o Senhor, cujo nome é Deus dos Exércitos" (Amós 5:18, 20, 27).
 
Amós deu a conhecer dois castigos sobre Israel: Em primeiro lugar, a nação infiel seria levada cativa ao exílio em Assíria ("além de Damasco") como resultado da maldição do pacto do Deus do Israel, em harmonia com suas ameaças do pacto pronunciadas mediante Moisés (Deut. 28; Lev. 26). Esta sentença teve lugar no ano 722 a.C., e se conhece como o desterro assírio das dez tribos. Em segundo lugar, o significado pleno deste juízo nacional chega a compreender-se só quando se vê este acontecimento como um tipo ou prefiguração do juízo cósmico de Deus ao fim da história sobre todas as nações que se rebelem contra Deus.
 
Amós apontou ao juízo final de Deus quando se referiu aos sinais cósmicos: "Farei que fique o sol ao meio dia, e cobrirei de trevas a terra no dia claro" (Amós 8:9), e: "Não se estremecerá por isso a terra, e fará luto tudo o que nela habita? (v. 8, BJ). Escuridão repentina ao meio-dia ou um terremoto catastrófico podem ser mais que um desastre natural. O fogo apocalíptico consumirá a terra e o mar (7:4) e levará a seu fim a história de Israel!
 
Na escatologia (a ordem dos acontecimentos finais) que apresenta Amós, o dia do Senhor seria um juízo iminente sobre Israel a mãos de seu inimigo nacional: Assíria (no 722 a.C.). Mas Amós anunciou uma catástrofe ulterior, na qual Deus julgará a uma sociedade mundial apóstata e libertará a seus fiéis em todas as nações. A esta relação do juízo local iminente e do juízo mundial do tempo do fim chamamos "conexão tipológica". Ambos os juízos procedem do mesmo Deus, mas o juízo sobre a nação é um tipo ou modelo profético que garante que Deus julgará finalmente a todo mundo pelos mesmos princípios morais. Só mediante sua retribuição final se cumprirá completamente o propósito redentor de Deus para esta terra. O tipo histórico pode ser local e incompleto, mas o antítipo escatológico será universal e completo em seus resultados.
 
Sofonias: O duplo foco do juízo de Deus em Amós também o descrevem graficamente os outros profetas. Em geral se considera que Sofonias é o profeta mais grandioso que fala do juízo de Deus. Inclusive começa seu pequeno livro com uma admoestação da destruição universal vindoura:
 
"De fato, consumirei todas as coisas sobre a face da terra, diz o Senhor. Consumirei os homens e os animais, consumirei as aves do céu, e os peixes do mar, e as ofensas com os perversos; e exterminarei os homens de sobre a face da terra, diz o Senhor" (Sof. 1:2, 3).
 
Assim como Amós, Sofonias contempla o futuro histórico imediato contra o fundo do juízo final, porque é o mesmo Deus o que visita Israel e o mundo para juízo e salvação. A mensagem principal é que Deus atua, não a duração do período de tempo entre os juízos.
 
Joel: O profeta Joel estruturou sua perspectiva profética de forma tal que uma praga histórica de lagostas (1:4-12) serve como um tipo profético do juízo escatológico de todo o mundo, que é seu antítipo (2:10, 11; 3:11-15). A história local e a escatologia do tempo do fim estão tão mescladas entre si que não podem ser completamente separadas na descrição profética. O presente corresponde ao futuro porque é o mesmo Deus quem vem agora e no futuro. Este é a mensagem principal do Antigo Testamento. O propósito moral de cada anúncio de um juízo de Deus é levar a seu povo a caminhar em harmonia com sua vontade redentora no presente. O objetivo final da profecia não é a catástrofe e a destruição, a não ser uma nova criação e a restauração do paraíso perdido na terra.
Isaías: Um exemplo de como o juízo de Deus sobre um arqui-inimigo histórico do Israel e seu juízo final do mundo estão intimamente misturas, como se ambos fossem um só dia do Senhor, encontra-se no Isaías 13. Isaías anuncia a iminente queda do Império babilónico às mãos dos medos e dos persas: " Uivai, pois está perto o Dia do SENHOR; vem do Todo-Poderoso... Eis que eu despertarei contra eles os medos" (Isa. 13:6, 17). Neste oráculo profético de guerra, Deus atuará logo como o guerreiro divino para liberar a seu povo oprimido: "O Senhor dos exércitos revista seu exército para o combate" (v. 4, NBE). O resultado será a destruição: "Babilónia, a jóia dos reinos, glória e orgulho dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou. Nunca jamais será habitada, ninguém morará nela de geração em geração" (vs. 19, 20).
 
Depois, o profeta acrescenta a dimensão cósmica do dia apocalíptico do Senhor: "As estrelas dos céus e seus luzeiros não darão sua luz; e o sol se obscurecerá ao nascer, e a lua não dará seu resplendor" (V. 10). Deus castigará "ao mundo por sua maldade, e aos ímpios por sua iniquidade" (V. 11). Deus fará "estremecer os céus, e a terra se moverá de seu lugar... no dia do ardor de sua ira" (V. 13).
 
Esta é uma descrição de um juízo universal. Por isso, a profecia de Isaías de condenação sobre Babilónia contém a estrutura de uma perspectiva tipológica. É claro que o dia apocalíptico do Senhor, com seus sinais cósmicos e seu terremoto universal, não ocorreu durante a queda histórica de Babilónia ante os medo-persas no 539 a.C. Aquele juízo sobre Babilónia serve só como um tipo ou símbolo do juízo final da humanidade; por esta razão se descrevem os dois juízos como se fossem um só dia de retribuição divina. A natureza tipológica da queda de Babilónia da antiguidade não requer que cada rasgo da profecia se cumpra no tipo. Antes, o cumprimento parcial das antigas profecias de condenação e liberação indicam que ainda precisam encontrar sua consumação definitiva. O livro do Apocalipse nos assegura que todas as profecias antigas de condenação e liberação ocorrerão em escala mundial por ocasião da segunda vinda de Cristo. Por definição, o antítipo sempre é maior que o tipo. Por isso encontramos que a característica da profecia clássica é seu duplo foco, sobre o próximo e o longínquo, sem nenhuma diferenciação de tempo. Ensina-nos que o Deus do Israel é o Deus da história. É o rei que vem na história e ao fim da história da humanidade. Sua vinda traz o fim desta era maligna, para restaurar o reino de Deus sobre nosso planeta por meio do Jesus Cristo.
 
Outra característica vital da profecia clássica é a preocupação ética, o seu chamado ao arrependimento e a uma vida santificada. Os profetas de Israel não fizeram predições incondicionais mas sim desafiaram tanto Israel como os gentios com a vontade imediata de Deus. De fato, as predições divinas satisfazem o propósito mais elevado de chamar o povo ao arrependimento e a obedecer a vontade de Deus e dessa forma, evitar o juízo vindouro. O resultado significativo desta preocupação ética dos profetas do Israel é a segurança de que só um remanescente do Israel, fiel e purificado, entrará no reino escatológico de Deus.
 
Os profetas anunciaram que só um fragmento ou remanescente da nação como um todo seria salvo, assim como o "tronco" que fica de uma árvore (Amós 3:12; 5:14, 15; Oseias 5:15; 6:1-3; Isa. 4:2-4; 6:13; Jer. 23:3-6). A razão é que só o remanescente restaurado se voltará para Senhor com arrependimento verdadeiro (Isa. 10:20-23; Zac. 12:10-13); só um Israel espiritual dentro do Israel nacional receberá um coração "circuncidado" (Deut. 10:15, 16; 30:6; Jer. 4:4). A distinção no Antigo Testamento entre um verdadeiro o Israel de Deus dentro da nação do Israel não se apoia na relação de raça ou de sangre com Abraão, e sim na fé e na obediência a Deus. O fator decisivo é possuir a relação espiritual de pacto com Deus. De acordo com esta teologia do remanescente do Antigo Testamento, o apóstolo Paulo chegou a esta conclusão: "Porque nem todos os que descendem de Israel são israelitas" (Rom. 9:6). Seu ensino apostólico enfatizou que só quando israelitas reconheçam que Jesus é o Messias da profecia, são os portadores de luz das promessas do novo pacto de Deus. E enquanto os gentios são chamados para serem os herdeiros das mesmas promessas, Paulo insistiu: "Só o remanescente será salvo" (v. 27).
 
Profecia Apocalíptica
O livro do Daniel forma uma classe de profecia por si mesmo dentro do Antigo Testamento. Aqui nos encontramos com um fenómeno: Não se prediz um só evento ou juízo, e sim uma sequência total de acontecimentos que começam nos próprios dias do Daniel e se estendem adiante sem interrupção até o estabelecimento do reino de glória de Deus. Um contínuo histórico ininterrupto em profecia, como apresenta Daniel, não tem precedentes na profecia clássica. Alguns profetas, como Joel e Ezequiel, revelaram o princípio de uma sucessão de dois períodos em seus esboços proféticos (Joel 2:28; Ezeq. 36-39), mas nenhum havia predito uma história contínua religiosa e política do povo do pacto de Deus terminando com o juízo final do dia do Senhor. Um panorama tão amplo da história da salvação adiantado é a característica específica da profecia apocalíptica. Este contínuo apocalíptico na história está em um marcado contraste com a profecia clássica, com seu dobro foco e sua perspectiva tipológica futura.
 
O segundo aspecto único no livro apocalíptico do Daniel é que contém uma quantidade de esboços históricos e cada um culmina no juízo universal do Deus de Israel. Podem distinguir-se 4 séries proféticas principais (Dan. 2; 7; 8; 11). Cada uma reitera a mesma ordem básica de acontecimentos, mas todas acrescentam detalhes com respeito ao conflito do povo do pacto de Deus com as forças que se opõem a Deus.
 
Estas visões paralelas mostram um interesse crescente em focar a era do Messias e seu conflito com o anticristo (especialmente em Dan. 8 e 9). A idéia chave de cada série profética é o triunfo do governo de Deus sobre o mal. Portanto, precisamos compreender que a meta da apocalíptica bíblica não é predizer acontecimentos específicos da história secular do mundo em si. A apocalíptica bíblica não é um exibicionismo da presciência de Deus. Antes, o seu interesse é inspirar esperança entre o oprimido povo de Deus. Anima-os a perseverar até o fim, porque o Deus fiel do pacto estabeleceu ao anticristo limite de tempo e poder. Deus vindicará a seus fiéis na luta entre o bem e o mal. O foco definitivo da apocalíptica bíblica não é o primeiro advento do Messias e sua morte violenta (Dan. 9:26, 27), e sim seu segundo advento quando voltar como o vitorioso Miguel para resgatar o remanescente fiel (Dan. 12:1, 2).
 
O que forma a culminação de toda a profecia apocalíptica do Antigo Testamento é este evento final da história da humanidade. É este "fim" o que está em vista na singular frase do Daniel: "o tempo do fim" (5 vezes em Dan. 8-12). Este foco notável do tempo do fim também é a razão de por que a profecia apocalíptica enfatiza mais o aspecto incondicional do plano determinado de Deus para a redenção da humanidade. Mas este aspecto distintivo de determinismo não deve ver-se como um contraste fundamental com as profecias clássicas do Israel com seu chamado ao arrependimento.
 
As profecias apocalípticas de Daniel se centram ao redor da libertação final do fiel remanescente do Israel, o povo espiritual do pacto de Deus, em quem se realizarão finalmente as preocupações éticas de todos os profetas (Dan. 11:32-35; 12:3; Ezeq. 11:17-20; 18:23, 30-32; 33:11; Isa. 26:2, 3).
 
Em Daniel, a preocupação fundamental, tanto dos capítulos históricos (caps. 1-6) como dos proféticos (caps. 7-12), parece ser a vindicação que Deus faz de seu santos acusados falsamente. Esta soberania de Deus como Rei e Juiz está expressa pelo foco centralizado no Messias que se apresenta em muitos capítulos (Dan. 2; 7; 8; 9; 10-12), e em suas divisões predeterminadas de tempo da história da redenção (Dan. 7:25 [3 ½ tempos]; 8:14, 17 [2.300 dias]; 9:24-27 [70 semanas de anos]; 12:4, 7, 11, 12 ["o tempo do fim", 1.290 e 1.335 dias]).
 
Em todos os tempos, Deus proporciona um povo remanescente fiel, coloca os limites sobre a história pecaminosa deste mundo, permite tempos especificamente atribuídos para a apostasia e a perseguição, determina "o tempo do fim", ordena o mundo para a hora de seu juízo final e levará a cabo a libertação dos santos na segunda vinda. Estes característicos únicos pertencem à soberania de Deus e constituem a pedra angular da profecia do Daniel.
 
Pode fazer-se uma observação adicional a respeito da parte histórica do livro de Daniel. Nos capítulos 3 (a liberação do forno de fogo) e 6 (a liberação do fosso dos leões), os relatos da intervenção divina e o resgate sobrenatural têm a finalidade de ser mais que simplesmente um pouco de interesse histórico. O autor do livro chama a atenção a sua inerente perspectiva tipológica, em vista da libertação futura do povo remanescente de Deus ao fim da história da redenção. Isto chega a ser evidente a partir da repetição enfática do verbo chave "libertar" ou "resgatar" que se encontra no Daniel 3:15 e 17 (e 5 vezes no capítulo 6), e que volta a aplicar-se na seção apocalíptica do Daniel 12:1, quando Miguel "libertará" o verdadeiro o Israel de Deus por meio de sua intervenção pessoal.
 
Além desta conexão literária entre a seção histórica e a apocalíptica de Daniel, também existe uma correspondência temática fundamental entre as duas seções do livro. As narrativas que Daniel faz da lealdade religiosa à sagrada lei de Deus por uns poucos fiéis, proporciona os tipos ou as prefigurações essenciais da natureza da crise final, para o povo de Deus no tempo do fim. Estes acontecimentos históricos no livro de Daniel servem como o pano de fundo para a crise vindoura do tempo do fim e seu resultado providencial, tal como se descreve no livro de Apocalipse (caps. 13 e 14).
 
Resumo
O livro apocalíptico de Daniel revela ao menos quatro características únicas:
(1) Uma repetição dos esboços apocalípticos que mostram um contínuo da história da redenção. Cada esboço culmina no estabelecimento do reino de glória (Dan. 2:44, 45; 7:27; 8:25; 12:1, 2);
(2) O foco centrado no Messias de todos seus esboços (Dan. 2:44; 7:13, 14; 8:11, 25; 9:25-27; 10:5, 6; 12:1);
(3) As divisões predeterminadas de tempo, que servem como o calendário sagrado da história progressiva da redenção de Deus (Dan. 7-12). Estas profecias de tempo únicas determinam o começo do famoso "tempo do fim", particularmente a terminação do período de tempo profético dos 2.300 "dias" na visão selada de Daniel 8 (vs. 14, 17, 19);
(4) O aspecto incondicional da história da redenção, o qual recalca uma sessão predeterminada de juízo no céu e a vindicação dos santos fiéis por um Filho do Homem. Isto também está expresso pela imagem de um guerra santa final e o triunfo do Miguel como o guerreiro divino, e a ressurreição de todos os mortos para receber sua recompensa (Dan. 2:7-12).
 
Em resumo, o livro apocalíptico de Daniel contém o fundamental da profecia clássica (o duplo foco de uma perspectiva tipológica na seção histórica do livro) e o esboço profético de um contínuo histórico em sua seção apocalíptica.
A unidade orgânica da profecia clássica e da apocalíptica pode observar-se na harmoniosa combinação de sua perspectiva do tempo do fim: O juízo universal com a libertação cósmica de um povo remanescente fiel na última guerra entre o bem e o mal, e a restauração do reino de Deus em paz e justiça eternas.
 

Hans K. LaRondelle