quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

OS ÚLTIMOS COMPANHEIROS DO CORDEIRO - APOCALIPSE 14:1-5

Apocalipse 14 cumpre a função de ser a contraparte positiva do capítulo 13. Aqui os santos que resistem o impacto dos poderes do anticristo recebem uma recompensa gloriosa por sua fidelidade. Vemos o Cordeiro de Deus em pé entre seus seguidores (Apoc. 14:1), em um contraste evidente com a besta e seus seguidores que se apresenta em Apocalipse 13.

Enquanto os que adorem a besta levam a marca do anticristo, os companheiros do Cordeiro levam o selo do Deus vivo em suas frentes (Apoc. 14:1). Apocalipse 13 prediz a maturação da apostasia com seu número 666. Apocalipse 14 nos assegura do juízo de Babilónia e da recompensa do povo de Deus com seu número 144.000. Evidentemente, Apocalipse 14 funciona como o complemento do capítulo 13. Um erudito crítico alemão ficou tão impressionado por Apocalipse 14, que o chamou "o ponto mais elevado formal e substancial do Apocalipse".1 Enquanto que os reformadores protestantes e os movimentos de reforma modernos apelam a Apocalipse 14 para demonstrar sua chamada divina, Ellen White reconhece que ainda não se alcançou seu significado completo:

"O capítulo 14 do Apocalipse é do mais profundo interesse. Logo será compreendido em todos seus alcances, e as mensagens dadas a João o revelador serão repetidas com clareza".2

A Visão da Igreja Triunfante
"E olhei, e eis que estava o Cordeiro sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, que em sua testa tinham escrito o nome dele e o de seu Pai. E ouvi uma voz do céu como a voz de muitas águas e como a voz de um grande trovão; e uma voz de harpistas, que tocavam com a sua harpa. E cantavam um como cântico novo diante do trono e diante dos quatro animais e dos anciãos; e ninguém podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra. Estes são os que não estão contaminados com mulheres, porque são virgens. Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vai. Estes são os que dentre os homens foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro" (Apoc. 14:1-5).

A visão da igreja triunfante dá a conhecer a última geração de crentes cristãos que sobrevivem às ameaças finais do anticristo. Os 144.000 seguidores do Cordeiro são vitoriosos porque perseveram em sua lealdade a Cristo Jesus. Por seu rechaço a submeter-se à idolatria, venceram a besta. Demonstram que o anticristo não teve êxito em seu objetivo de estabelecer o domínio universal. Mas o céu intervirá dramaticamente no fim da era. O Cordeiro poderoso conquistará a besta em favor de seu povo do pacto. Esta segurança foi dada explicitamente pelo anjo interpretador:

"Estes [a besta e os reis da terra] combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com ele, chamados, eleitos e fiéis" (Apoc. 17:14).

Seu cumprimento se descreve em um quadro simbólico de surpreendente resgate divino:
"E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça" (Apoc. 19:11).

Esta visão majestosa constitui o cumprimento cristocêntrico da libertação do tempo do fim de que fala Daniel:
"Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo, e haverá tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no livro" (Dan. 12:1).

Tanto Daniel como Apocalipse centralizam a libertação final do povo do pacto de Deus sobre o monte Sião, "o monte glorioso e santo" (Dan. 11:45; Apoc. 14:1). O mesmo monte de ataque e de salvação se apresenta na profecia do Joel:
"E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque, no monte Sião e em Jerusalém, estarão os que forem salvos, como o Senhor prometeu; e, entre os sobreviventes, aqueles que o Senhor chamar" (Joel 2:32).
Desde que o rei Davi colocou o arca de Jeová, símbolo da presença e do trono de Deus, no monte Sião, este monte foi chamado "santo". Chegou a ser o lugar simbólico de libertação na tradição profética (ver Sal. 2; 46; 48; 110). É muito significativo que o Apocalipse de João representa os 144.000 seguidores do Cordeiro em pé com o Cordeiro sobre o monte Sião:
"Olhei, e eis o Cordeiro em pé sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, tendo na fronte escrito o seu nome e o nome de seu Pai" (Apoc. 14:1).

O monte Sião ou a cidade santa (Jerusalém) estão colocados em contraposição a Babilónia, mencionada em Apocalipse 14:8, 16:19 e 17:1-6. Sião e seu santuário, seu culto religioso e seus seguidores constituem a norma da verdade salvadora pela qual Babilónia, seu culto religioso e seus seguidores são medidos no tribunal do céu. Tanto Sião como Babilónia são nomes que estão enraizados profundamente na história da salvação de Israel. Representam os arquiinimigos religiosos envoltos em um combate mortal (Jer. 50; 51; Dan. l ).

O Antecedente Veterotestamentário de Sião
Nas profecias de Israel, "Sião" é o símbolo da cidade de Deus, o lugar da presença e proteção de Deus, especialmente para os tempos messiânicos (Isa. 40-66; Zac. 1-9). O ponto em questão não é um lugar "santo" geográfico, mas sim a presença de Deus entre seu fiel povo do pacto. Sião foi o símbolo de bênção e libertação (ver Isa. 37). Esta teologia de Sião foi tornada proeminente por Isaías em seu conflito com um sacerdócio e um reinado corrompido que reclamavam o amparo de Deus como pertencendo incondicionalmente a Sião e Jerusalém literal (Isa. 28-31).

Para Isaías, "Sião" representou um povo espiritual: os que procuram o Senhor e têm a lei de Deus em seus corações (Isa. 51:1, 7). Deus disse a essa Sião: "Tu és o meu povo" (v. 16). Isaías empregou o casamento como um símbolo da fidelidade de Deus para com Sião, apesar de havê-la abandonado temporalmente "por um breve momento" quando se comportou mais como uma "meretriz" em suas relações com outras nações (31:1-3). Este significado dual de Sião foi expresso por Isaías nestas palavras:
"Porque o teu Criador é o teu marido; o SENHOR dos Exércitos é o seu nome; e o Santo de Israel é o teu Redentor; ele é chamado o Deus de toda a terra" (Isa. 54:5).

"Como se fez prostituta a cidade fiel! Ela, que estava cheia de justiça! Nela, habitava a retidão, mas, agora, homicidas" (Isa. 1:21).

Esta dupla caracterização do Sião tanto como esposa fiel e como meretriz, em momentos diferentes, forma o antecedente teológico para compreender as duas mulheres simbólicas no Apocalipse de João. O Apocalipse descreve a igreja fiel como uma esposa radiante (Apoc. 12:1), e a igreja apóstata como a grande meretriz: "Babilónia" (17:1-5).

Quais São os 144.000?
Na perspectiva profética de Joel, o povo remanescente o constitui os que estão cheios com o Espírito de Deus (Joel 2:28) e adoram ao Senhor (2:32). A criação deste povo do novo pacto só pode ocorrer depois que o Messias receba a plenitude de sua unção (Isa. 11:1, 2; 61:1-6; ver Mat. 3:16, 17). A igreja apostólica recebeu este batismo do Espírito Santo no dia de Pentecostes, conforme consta em Atos 2. Mas a perspectiva de Joel 2:28-32 evidentemente avança para adiante, ao tempo do fim, quando se efetue a separação final dos fiéis no monte Sião:

"E há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como o Senhor tem dito, e nos restantes que o Senhor chamar" (Joel 2:32).

O Apocalipse descreveu a era da primeira igreja nos capítulos 2 e 3 nas cartas de Cristo, mas os santos do tempo do fim estão representados em Apocalipse 7 como os 144.000 verdadeiros "israelitas" de todas as tribos (12 x 12.000). Esta é linguagem em clave do pacto de redenção de Deus. Seu "selamento" como "servos" de Deus por parte dos anjos os assinala como os que suportaram a prova do anticristo ao rechaçar sua "marca". Entretanto, são vitoriosos só porque confiaram "no sangue do Cordeiro" (Apoc. 7:14). Seus caracteres estão centrados em Cristo e são semelhantes a Cristo. Estão em um contraste direto com os que têm o número da besta, o 666, "um número misterioso que significa paródia e imperfeição".3

Protótipos dos 144.000 no Antigo Testamento
Dois protótipos no Antigo Testamento iluminam nossa compreensão dos 144.000. Pelo profeta Ezequiel sabemos a verdade tantas vezes passada por alto, que só o povo do pacto, o povo de Deus que é selado, permanecerá protegido no dia do juízo. Os que estejam sem o selo de Deus estão marcados para a condenação (ver Ezeq. 9:5, 6). Na última análise de Deus não haverá povo "indeciso". Apocalipse 14 mostra que está chegando o tempo quando toda a terra será levada à "maturação" ou decisão, seja para o bem ou para o mal, e depois do anjo anunciará: "A colheita da terra está amadurecida" (Apoc. 14:15). O catalisador desta maturação coletiva forma o ponto culminante de Apocalipse 14: as mensagens dos três anjos dos versículos 6-12, que se tratam nos capítulos seguintes.

Outra conexão vital entre os 144.000 em Apocalipse 14 e a profecia de Israel é a predição do Sofonías. Entre os anos 630-625 a.C., Sofonias proclamou os juízos de Deus sobre Judá e Jerusalém devido a seus compromissos com a adoração de Baal (Sof. 1:4-6). Anunciou a iminência do juízo de Deus, o dia do Senhor (vs. 7, 14), mas também incluiu a esperança surpreendente de que um remanescente fiel permaneceria leal a Deus. Seriam protegidos no "dia da ira do Senhor" (2:3, 7, NBE). Chamou-os "os humildes da terra" (v. 3), os que adoram a Deus com lábios puros e invocam o nome do Jeová para servi-lo em seu santo monte (3:9, 11). Sofonias descreve os adoradores verdadeiros com estas palavras:

"O remanescente de Israel não cometerá iniquidade, nem proferirá mentira, e na sua boca não se achará língua enganosa; porque serão apascentados, deitar-se-ão, e não haverá quem os espante" (Sof. 3:13).

O remanescente de Sofonías 3:13 e os 144.000 do Apocalipse são idênticos: "E não se achou mentira na sua boca; não têm mácula" (Apoc. 14:5). Para entender adequadamente esta caracterização dos 144.000 devemos primeiro esquadrinhar seu significado em Sofonías3. Este profeta do Antigo Testamento não aplica a "irrepreensibilidade" e a "perfeição" de Israel de uma maneira abstrata, mas sim as aplica à sua adoração do Senhor por meio da obediência à lei do pacto que está livre das mentiras do culto aos ídolos, milagres falsos e profecia falsa (ver também Deut. 18:9-13).

Paulo também caracterizou a apostasia do homem de iniquidade como "mentira" (2 Tes. 2:11). Em Apocalipse 14 se contrasta intencionalmente os 144.000 com os adoradores da besta e seu culto religioso. Esta interpretação corresponde com a outra descrição de João: "Estes são os que não estão contaminados com mulheres, porque são virgens. Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vá" (Apoc. 14:4). Ambas as orações gramaticais formam uma unidade e se explicam por si mesmas. Os 144.000 simbólicos (tanto homens como mulheres) não seguem à "mulher" caída ou às comunidades de adoração apóstata, chamada mais tarde Babilónia ou "mãe das meretrizes" (Apoc. 17:5). Seguem exclusivamente o Cordeiro de Deus.
O termo "virgem" era o título hebraico para Sião e Jerusalém em sua relação do pacto com Deus (2 Reis 19:21; Isa. 37:22; Jer. 14:17; 18:13; 31:4; Lam. 1:15; 2:13; Amós 5:2).

Os termos "adultério" e "cometer adultério ou fornicação" usam-se tanto no Antigo Testamento como no Apocalipse como símbolos de idolatria ou de culto falso (ver Êxo. 34:15; Juí. 2:17; 1 Crôn. 5:25; Apoc. 14:8; 17:2, 4;18:3, 9; 19:2). O símbolo "virgem" [parthénos] em Apocalipse 14:4 está em contraste com o termo "meretriz" [porné], e por conseguinte está de igual maneira determinado religiosamente.4 J. Massyngberde Ford oferece este útil comentário sobre os 144.000:

"À luz do significado metafórico do termo virgem, parece que Apocalipse 14:4 se refere aos anciões fiéis de Jerusalém ou a todos quão fiéis não se poluíram com a idolatria, a sensualidade (gr. thumós) da prostituição de Babilónia como no v. 8. O não estar poluídos com mulheres pode olhar atrás ao

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A MENSAGEM DO PRIMEIRO ANJO - APOCALIPSE 14:6, 7

É significativo o lugar onde está colocado a última mensagem de admoestação de Apocalipse 14:6-12. Encontra-se entre as ameaças do anticristo no capítulo 13 e a cena do juízo do capítulo 14:14-20. A tríplice mensagem transmite o ultimato de Deus a um mundo unido em rebelião contra ele.

"Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo, em grande voz: Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas" (Apoc. 14:6, 7).

A expressão "outro anjo" (v. 6) conecta este mensageiro com o anjo anterior que aparece no Apocalipse, o "anjo forte" do capítulo 10. A tríplice mensagem de Apocalipse 14 ao que parece funciona como a expansão da missão do "anjo forte" durante a sexta trombeta (Apoc. 10:5-7). Em ambos os capítulos, o 10 e o 14, a advertência do tempo do fim do céu tem o propósito de alcançar toda a terra. O anjo "voando pelo meio do céu" (o zénite do céu) em Apocalipse 14 simboliza o alcance universal de sua mensagem, assim como o anjo forte tinha posto seu pé tanto sobre o mar como sobre a terra. Esta esfera de ação universal se recalca pela ênfase: "Tendo o evangelho eterno para pregar aos moradores [literalmente, 'se sentam'] da terra, a toda nação, tribo, língua e povo" (v. 6). Esta proclamação do "evangelho eterno" de Deus é a verdadeira mensagem de reavivamento para o fim. Desenvolve a promessa anterior de Cristo:

"E este evangelho do reino será pregado em todo mundo, para testemunho a todas as nações; e então virá o fim" (Mat. 24:14).
O adjetivo "eterno " [em gr., aiónion] aplicado ao "evangelho" em Apocalipse 14:6 leva consigo um significado especial. Afirma que o evangelho do tempo do fim é o evangelho inalterado dos apóstolos de Jesus. O evangelho do tempo do fim não é um evangelho diferente, mas sim o evangelho como foi exposto por Paulo em suas cartas aos romanos e a outras igrejas. A estrutura delicada do evangelho da soberana graça de Deus (ver Ef. 2:4-10) não pode ser alterado nunca, nem sequer por um anjo ou por um apóstolo. Uma inovação tal cairia sob a maldição de Deus (ver Gál. 1:6-9).

O evangelho eterno chega a ser cada vez mais relevante quando é contemplado em seu marco de Apocalipse 13, onde o anticristo demanda a lealdade à sua falsificação ou "evangelho diferente" (cf. 2 Cor. 11:4). Referindo-se aos decretos do concílio do Trento (1545-1563), o bispo Chr. Wordsworth comentou:
"Porém, apesar desse anátema apostólico repetido duas vezes [no Gál. 1:6-9], os que aderem à besta pronunciaram seu anátema sobre todos os que não recebem as novas doutrinas que acrescentaram ao evangelho de Deus".

Alguns comentadores modernos tomaram a posição de que a frase "evangelho eterno" de Apocalipse 14:6 não quer dizer o evangelho apostólico mas sim as novas de que o juízo final é iminente (v. 7). Outros assinalaram que o juízo foi uma parte essencial do evangelho desde sua iniciação (veja-se Mat. 7:22, 23; 16:27; 25:41; Rom. 2:15, 16). A vinda do justo juízo de Deus sempre significa boas novas de resgate e vindicação para seu povo do pacto (ver Sal. 96) e um dia de ajuste de contas para seus perseguidores (Jer. 50, 51).

Jesus predisse que o evangelho do reino seria pregado como testemunho (legal) a todos os que moram na terra até o próprio fim (Mat. 24:14; Mar. 13:10). Portanto, podemos aceitar Apocalipse 10 e 14:6-12 como a aplicação para o tempo do fim da predição de Jesus em Mateus 24.

Como Jesus fez em Mateus 24, o Apocalipse faz da proclamação mundial do evangelho o sinal preeminente dos tempos. G. C. Berkouwer assinalou um engano popular quanto a isto:

"Com muita frequência, a reflexão sobre os sinais foi separar-se do reino, que é seu ponto de concentração. Os resultados sempre são desconcertantes. Mas o assunto fundamental é a propagação universal do evangelho de Jesus Cristo (Mar. 13:10)... Geralmente os que catalogaram os sinais dos tempos incluíram isto, mas com freqüência se viu simplesmente como outro elemento no 'relatório da narração'... Nos últimos dias a pregação do evangelho é o ponto focal de todos os sinais. Nela podem e devem ser entendidos todos os sinais".2

Deve respeitar-se o significado fundamental do evangelho eterno. Não é um exagero deduzir que uma compreensão nova do evangelho apostólico em seu marco do tempo do fim de Apocalipse 10 e 14, cria um novo povo remanescente! Estão comissionados como mensageiros a pregar o evangelho em seu marco apocalíptico de Apocalipse 13 e 14. Devido a este convite final à humanidade antes do juízo, todo mundo estará amadurecido para esse juízo. Isso não quer dizer que se possa calcular a data do fim que se aproxima. O reavivamento do evangelho sem adulteração é básico para o plano determinado de Deus (Mar. 13:10). É uma "parte do atuar de Deus no tempo do fim".3 Proclamar a tríplice mensagem de Apocalipse 14 é a missão final da igreja! O cumprimento desta missão é o maior sinal de todos os que indicam que começou o tempo do fim!

A Escritura não estabelece que a segunda vinda de Cristo está condicionada ao êxito da pregação do evangelho, mas sim está condicionada à realidade da pregação mundial. A tríplice mensagem de Apocalipse 14 intensifica o apelo anterior de Jesus: "Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (Mat. 4:17).

O Conteúdo do Evangelho Eterno

Jesus mesmo andou "pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus" (Luc. 8:1), o que indicava a chegada do Messias prometido. Incluía seu nascimento (Luc. 2:10, 11, "novas de grande gozo"), sua vida (Mat. 11:5), sua morte expiatória (Mar. 10:45; Ef. 2:14-17; At. 10:36), e sua ressurreição e entronização no céu (At. 2:30-33). "Sua aparição, não simplesmente sua pregação, toda sua obra está indicada por 'pregando as boas novas [euanguelízesthai]' ".4 Portanto o evangelho apostólico se centralizava nas boas novas de que Jesus de Nazaré era o Messias da profecia (At. 5:42; 8:35; 17:3, 18). Por conseguinte, o evangelho também inclui as profecias messiânicas do Antigo Testamento (ver 1 Ped. 1:10, 11; Rom. 1:2; 16:25, 26).

Como rei de Israel, Cristo personifica o reino de Deus. Pregar o evangelho de Cristo significa uma proclamação eficaz no poder e a autoridade do Espírito Santo (ver Heb. 2:4). Tal pregação transmite salvação e cria paz e gozo (At. 8:8, 39). Paulo recebeu o evangelho por meio de uma revelação direta de Jesus Cristo (Gál. 1:12). Explicou o conteúdo do evangelho de uma maneira sistemática em Romanos 1 aos 8. centra-se na verdade de que Jesus é o Cristo (Rom. 1:1-4) e que a salvação é nossa por meio da justificação por graça, só por meio da fé em Cristo (Rom. 3:28; 4:25; 5:1; 8:1, 33, 34).

Paulo resumiu sua compreensão do evangelho em 1 Coríntios 15:3-5, onde menciona a morte expiatória de Cristo, sua sepultura, ressurreição e as aparições do Cristo ressuscitado. Em síntese, a essência do evangelho de Paulo pode compendiar-se na confissão: Jesus é o Cristo (Messias), o Senhor ressuscitado (ver Rom. 10:9, 10). Paulo também reconheceu o dia do juízo como parte do evangelho (ver Rom. 2:16; At. 17:30, 31). Este é seu amplo panorama do evangelho. A proclamação do juízo e das boas novas estão inextricavelmente unidas, como o arrependimento e o novo nascimento (Mar. 1:15; Isa. 57:15). O juízo de Deus é essencialmente boas novas para o crente, porque Cristo é tanto Juiz como Salvador (João 5:22). Gerhard Friedrich reconheceu que o evangelho e o juízo estão conectados indissoluvelmente:

"Desde que o evangelho é a chamada de Deus... aos homens, demanda decisão e impõe obediência (Rom. 10:16; 2 Cor. 9:13). A atitude para com o evangelho será a base da decisão no juízo final (2 Tes. 1:8; cf. 1 Ped. 4:17)".5
A proclamação do evangelho oferece o gozo da salvação presente aos que o aceitam por fé (Ef. 1:13; 1 Cor. 15:2; Rom. 1:16; 8:15-17). Diz Ivan T. Blazen:

"Em termos da informação real da Escritura, é uma ficção acreditar que a justificação não nos relaciona com a soberania de Cristo como Senhor ou que o juízo não nos relaciona com a obra de Cristo como Salvador... Quando chegar o fim, o juízo avalia e atesta da realidade da justificação evidenciada pelas testemunhas fiéis do povo de Deus. Neste fluxo, a justificação e o juízo não estão na relação de tensão ou contradição mas sim na de inauguração e consumação".6

A Mensagem do Primeiro Anjo

"Dizendo, em grande voz: Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas" (Apoc. 14:7).

Este mensageiro celestial fala com "grande voz", o que indica que todos os moradores da terra devem